Paixão pela educação: Cláudia Motta cria personagem e conta histórias pelo YouTube

Focada na aprendizagem infantil, pedagoga interpreta “Lady Flor”, uma jovem cheia de personalidade e conhecimentos da literatura infantil

Por Thamiris Costa

Uma das primeiras formas de aprendizagem humana provém da contação de histórias, transmitidas por familiares, livros ou até mesmo captadas em situações do dia a dia, nos primeiros contatos sociais, ainda na infância.

Professores da educação infantil explicam o quanto esse processo pode ser transformador para o desenvolvimento de uma personalidade autônoma, se conciliado com a literatura. Segundo a pedagoga Cláudia Motta, o que nos constitui enquanto ser humano é a junção do que vemos, ouvimos e tocamos.

“A leitura infantil desenvolve pensamentos independentes porque ela tem a capacidade de tocar os corações e as mentes das crianças através de histórias. A partir das vivências que ela traz, os pequenos desenvolvem a personalidade, as ideias e imaginações; o que contribui para a formação da própria cidadania”, conta.

O papel do professor 

Cláudia ministrou por muitos anos aulas no ensino fundamental I – que vai até o 5º ano; se tornou coordenadora pedagógica da escola Aluisio Maier, em Laranjeiras do Sul, e também trabalhou no colégio Gildo Aluisio Schuck, onde participou de um curso de docentes.

Segundo ela, suas aulas preferidas eram as de literatura infantil, o que a estimulou buscar despertar em outras professoras a consciência para a importância da leitura. “Meu papel era incentivar a paixão também nos professores. Isso porque a história precisa ser encantadora e, para isso, o contador precisa ter gosto pela leitura”, explicou. 

Ela rassalta que um professor é naturalmente um inspirador, principalmente nas fases iniciais da formação humana. “O professor que investe na literatura, principalmente na infantil, que é carregada de emoção, propicia algo que ele mesmo usufrui; porque o aluno estimulado à leitura sempre tem muita coisa para oferecer em termos de aprendizagem: ele lê, escreve e argumenta melhor”.

O surgimento da Lady Flor

A função de um educador vai além do trabalho formalizado. Ela faz parte do cotidiano das pessoas que acreditam no potencial revolucionário para o desenvolvimento humano. Por isso, mesmo após a difícil partida do colégio Gildo para a aposentadoria, Cláudia segue com serviços voluntários, encantando corações por onde passa.

“O que me move, acima de tudo, é o amor pela cultura da leitura. Hoje percebemos que muitas famílias têm o costume de presentear as crianças com brinquedos, roupas etc. e dificilmente com livros. O livro, entretanto, é uma ótima opção, porque ele é como um ser vivo e carrega dentro de si as imaginações”.

Sem nunca se desvincular das relações históricas que a envolveram enquanto professora com os alunos, Cláudia foi convidada em 2019 por uma de suas ex-alunas do magistério, Eronice Ribeiro, para participar do projeto de Primavera. Desse convite nasceu a personagem que tomou forma, imagem, corpo e um jeito específico de ser: a Lady Flor.

Cheia de personalidade e carregada de conhecimentos, que abarcam toda literatura infantil brasileira, Lady está sempre acompanhada de símbolos que tornam suas contações lúdicas, como tecidos, objetos e bonecas. “Ela sintetiza histórias desses autores e algumas próprias, tais como: ‘Os três porquinhos dourados’ e ‘O reino em perigo’.”

O conto dos três porquinhos dourados, por exemplo, foi inspirado em um menininho chamado Gustavo que, muito entusiasmado com o que ouvia, pediu para Lady Flor narrar a “dos porquinhos dourados”. Preocupada com o pedido inusitado, ela percebeu que ele misturou em sua imaginação a história da “Cachinhos Dourados” com “Os três porquinhos” e, inspirada pela ideia, criou a historinha solicitada.

Confira a história completa no vídeo abaixo:

Lady Flor e a pandemia

Com o avanço da pandemia de Covid-19, Lady Flor passou a publicar histórias em um canal no YouTube. Quem auxiliam-na no processo de edição, formatação e ilustração audiovisual do conteúdo são suas filhas, Laura e Amanda. Ela relembra ainda que, apesar de ainda ser amador, o que a inspira é poder contribuir de alguma forma, com o aprendizado infantil.

“Meu sonho sempre foi fazer com que os alunos gostassem de ler porque isso abre portas para todas as disciplinas, pois todas elas chegam até a criança pela escrita, até mesmo as mais exatas, que exigem interpretação e bom vocabulário”.