OMS passa a considerar adoçantes artificiais como nocivos para a saúde. Voltamos pro açúcar?

Nova diretriz da organização desaconselha o uso para a perda de peso e cria alerta para efeitos colaterais no longo prazo. Confira os itens não recomendados

Uma descoberta revolucionária foi divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta segunda-feira (15). Com base em uma extensa revisão de evidências científicas, a OMS classificou os adoçantes artificiais como perigosos e ineficazes como ferramenta para a perda de peso.

A agência de saúde ressalta que os adoçantes sem açúcar apresentam “potenciais efeitos indesejáveis do uso prolongado, como um risco aumentado de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e mortalidade em adultos”.

Portanto, a OMS enfatiza que esses produtos não devem ser utilizados como substitutos do açúcar. A principal orientação é que a população reduza o consumo de açúcares adicionados aos alimentos, sendo permitido, porém, o consumo de açúcar encontrado naturalmente em frutas.

A lista proibida

A clipagem divulgada pela OMS inclui alguns adoçantes amplamente encontrados no mercado ou adicionados em produtos ultraprocessados, tais como acessulfame-K, aspartame, advantame, ciclamato, neotame, sacarina, sucralose, estévia e seus derivados. Vale a cada compra analisar qual o componente utilizado pela marca desejada para verificar sua utilização.

A diretriz da OMS classifica essas substâncias como “adoçantes não nutritivos sintéticos e naturais ou modificados que não são classificados como açúcares encontrados em alimentos e bebidas industrializados ou vendidos sozinhos para serem adicionados a alimentos e bebidas pelos consumidores”. Segundo a OMS, todas as pessoas, exceto aquelas com diabetes pré-existente, devem deixar de consumir esses adoçantes.

Pesquisa antigas

Estudos científicos anteriores já haviam levantado preocupações sobre os adoçantes artificiais, como um estudo publicado em 2014 na revista Nature, a qual apontou que o uso desses adoçantes pode levar à intolerância à glicose devido a alterações na microbiota intestinal.

Outra pesquisa realizada em 2010 e publicada no Yale Journal of Biology and Medicine revelou que os adoçantes podem afetar o sistema de recompensa do cérebro, aumentando o desejo por açúcar e, consequentemente, levando ao aumento do consumo calórico.

Uso prolongado

As novas diretrizes da OMS foram divulgadas para alertar sobre os possíveis efeitos indesejados do uso prolongado de adoçantes, como um maior risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer em adultos. No entanto, o relatório não recomenda substituir os adoçantes artificiais pelo consumo de açúcar.

Diante dessa descoberta, especialistas ressaltam a importância de políticas públicas que visem reduzir o consumo de alimentos processados, como a rotulagem de alimentos. No entanto, é recomendado que cada indivíduo consulte um profissional de saúde especializado para avaliar qual a melhor alternativa em cada caso, pois ainda há a necessidade de mais evidências científicas e estudos robustos sobre os efeitos dos adoçantes.

Controvérsias

Embora haja controvérsias e mais pesquisas sejam necessárias para uma compreensão completa dos efeitos dos adoçantes, é importante destacar alguns estudos recentes que apontam preocupações adicionais. Em 2022, uma pesquisa israelense indicou que o uso de certos tipos de adoçantes artificiais está associado a alterações na flora intestinal e pode ter efeitos semelhantes aos do açúcar no metabolismo. Além disso, um estudo publicado em 2023 relacionou o consumo de eritritol, um dos adoçantes mais populares, ao desenvolvimento de problemas cardiovasculares.

Alguns especialistas argumentam que ainda há poucas evidências sobre os efeitos colaterais dos adoçantes e que certas associações, como o desenvolvimento de câncer, são baseadas em estudos antigos e possuem poucas confirmações em humanos.

No próprio relatório, a OMS classifica sua recomendação como condicional e destaca a necessidade de mais evidências científicas e estudos mais robustos para entender as consequências do uso de adoçantes em dietas voltadas para a perda de peso.

Diante desse cenário, é fundamental que os consumidores estejam cientes das informações disponíveis e assim tomem decisões sobre o consumo de adoçantes. Consultar profissionais de saúde qualificados é essencial para avaliar o impacto desses produtos em sua saúde individual e encontrar alternativas adequadas.

Enquanto as evidências científicas continuam a evoluir, é importante lembrar que a moderação é essencial em relação ao consumo de açúcar e adoçantes. Reduzir a ingestão de alimentos processados e optar por fontes naturais de açúcar, como frutas, pode ser uma abordagem mais saudável no geral.

No entanto, a discussão em torno dos adoçantes e seus efeitos na saúde está longe de ser concluída. Mais pesquisas são necessárias para fornecer uma visão mais completa e embasada sobre a segurança e os impactos desses produtos. Enquanto isso, o debate sobre o papel dos adoçantes na dieta continua a atrair a atenção de cientistas, profissionais de saúde e consumidores conscientes.

Leia nosso editorial a respeito de produtos que inicialmente eram benéficos para a saúde mas passaram a ser vistos como nocivos.