Diamante do Sul vira exemplo de como a sericicultura ajuda a manter produtores no meio rural

Atualmente no Paraná são mais de 1,8 mil produtores de casulos da seda, em 176 municípios

A sericicultura, cadeia de produção da seda, é uma atividade valorizada no Paraná porque ajuda a manter o produtor no campo e promove o retorno de famílias da cidade para a área rural. Diamante do Sul, na Cantuquiriguaçu, é um exemplo. O município está entre os maiores produtores de casulo de bicho-da-seda do Estado, junto com Nova Esperança (Noroeste) e Astorga (Norte).

A tolerância da amoreira às intempéries climáticas e os bons preços do mercado têm colaborado para garantir a rentabilidade da sericicultura. Em muitos casos os lucros com a atividade superam os ganhos obtidos com outras culturas, como a soja e o milho. A mecanização do trabalho também contribui para que mais agricultores apostem na criação do bicho-da-seda.

Os sericicultores de Diamante do Sul se alinham à tradição do Paraná de produzir fios de seda de alta qualidade, o que desperta o interesse dos importadores. Conforme dados do Deral, o Estado conta com mais de 1,8 mil produtores de casulos da seda em 176 municípios. As amoreiras ocupam 4,7 mil hectares e o Paraná já responde por 83% de toda a produção nacional de fios de seda.

Para João Paulo Medenski da Silva, de 25 anos, a sericicultura significou a esperança de melhorar de vida. Ele é casado e escolheu a criação do bicho-da-seda para explorar na propriedade em Diamante do Sul, onde trabalha em parceria com o pai. “Em 2016, como a maioria dos jovens da minha idade que vive no meio rural, tinha a intenção de ir para a cidade trabalhar. Depois de uma conversa com meu pai, ele me incentivou a ficar e investir na sericicultura”, conta o produtor.

João Paulo acredita que a atividade é bem vantajosa quando comparada a outros trabalhos no meio rural. “A sericicultura é uma atividade que o produtor consegue ter um rendimento mensal, com exceção dos meses de maio a agosto que é o período de entressafra”, explica. Atualmente 140 produtores se dedicam à sericicultura na cidade. A produção média é de 1.254 quilos de casulo por hectare/ano.

O extensionista Wagner Gonçalves da Silva, do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater (IDR-Paraná) de Diamante do Sul, informa que a sericicultura é a quarta atividade em importância econômica do município, segundo levantamento do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), movimentando R$ 3,75 milhões por ano.

Ele lembra que a produção de casulos dá uma certa estabilidade econômica ao município, já que se estende por oito meses ao longo do ano. “Com isso, a receita é disponibilizada em escala, o que possibilita para o setor do comércio um melhor planejamento para oferta continuada de seus produtos e na entrada de recursos”, diz. “Os produtores também podem planejar melhor a aquisição dos insumos necessários para manter a propriedade rural e mantimentos para as suas famílias”.

Tecnologia

A sericicultura paranaense verticalizou-se fortemente em relação ao uso de maquinários e equipamentos agrícolas, segundo Deomar Fracasso, gerente regional do IDR-Paraná de Laranjeiras do Sul. “A automação do seu processo produtivo tem facilitado o trabalho no dia a dia do sericicultor. Os equipamentos garantem ganhos de produção e diminuição do esforço de quem se dedica ao trabalho diariamente”, ressalta.

Diversidade de histórias

 Entre os sericicultores de Diamante do Sul há uma grande diversidade de histórias, mas todas têm em comum o êxito com a atividade. Noel Barbos dos Santos, de 52 anos, trabalhava na cidade. Em 2013 ele contava com uma renda mensal de um salário mínimo para sustentar a família. As dificuldades o levaram a investir em uma pequena área, de 1,3 hectare, para a cultura da seda. Com esse terreno, Santos conseguiu dobrar a sua renda, melhorando a vida de sua família. Além disso, o produtor reduziu as despesas, uma vez que no meio rural os gastos em relação ao custo de água e energia elétrica são menores.

João Paulo Medenski da Silva, que desistiu de migrar para a cidade, graças à sericicultura, trabalha com três caixas de bichos-da-seda por lote, a cada 30 dias. Ele consegue um rendimento de R$ 1,2 mil por caixa produzida, ou seja, fatura R$ 3,6 mil por mês. É uma renda superior à remuneração média praticada no mercado de trabalho urbano em Diamante do Sul.

“A sericicultura proporciona desenvolvimento e renda em pequena escala de produção. Isto é fator significativo, quando analisado o extrato fundiário rural do Estado do Paraná e de Diamante do Sul, composto em sua maioria pela pequena propriedade, pela Agricultura Familiar”, conclui o extensionista Wagner Silva.

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