Entenda como cuidar da saúde mental com atenção e respeito
Psicóloga de Laranjeiras, Suélen Borsoi, detalha sintomas, destaca a importância do tratamento personalizado
A ansiedade faz parte da experiência humana, mas quando seus sintomas passam a comprometer o bem-estar e as atividades do dia a dia, é sinal de que pode ter se transformado em um transtorno que precisa de atenção. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil, aproximadamente 26,8% da população convive com algum grau do transtorno, e no ano de 2024, houveram mais de 470 mil afastamentos do trabalho por problemas mentais – o maior número desde 2014 -, conforme dados do Ministério da Previdência Social.
Pensando em como conscientizar e orientar a população da Cantuquiriguaçu, o Jornal Correio do Povo entrevistou a psicóloga e analista do comportamento de Laranjeiras, Suélen Cristina Borsoi, mestre em Desenvolvimento Comunitário.
Características mais comuns
Ao ser perguntada sobre o que define um caso de ansiedade, a profissional afirma: “Segundo o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), um quadro de transtorno de ansiedade pode incluir sintomas como preocupação excessiva e constante, inquietação, sensação de alerta permanente, fadiga frequente, dificuldade de concentração, irritabilidade, tensão muscular, distúrbios do sono e alterações de humor”. “É importante diferenciar a ansiedade comum, que todos sentimos em determinadas situações, de um transtorno de ansiedade. A diferença está no quanto os sintomas se tornam disfuncionais na vida da pessoa”, explica Suélen.
Cada caso é único
Em relação ao tratamento, Suélen destaca que não existe uma fórmula única para todos os pacientes. “Cada ser humano é único e, por isso, precisa ser tratado com base em sua história de vida e no ambiente em que está inserido. Mesmo que os sintomas pareçam semelhantes, a análise comportamental considera todos os aspectos envolvidos no comportamento da pessoa”.
Borsoi também diz que o transtorno não costuma mudar conforme a faixa etária. Crianças, adolescentes, adultos e idosos estão suscetíveis a desenvolver o transtorno. “Devemos considerar que a ansiedade é natural ao ser humano. O que a torna um transtorno é quando ela passa a prejudicar o funcionamento da vida do sujeito”, completa.
Laranjeiras reflete cenário nacional
O Brasil registrou uma incidência de 26,8% de casos de ansiedade em 2024, e a realidade de Laranjeiras segue essa tendência. Suélen, que atua no município, afirma já ter acompanhado diversos casos relacionados ao transtorno. “As condições de vida atuais, o aumento do uso de telas e redes sociais, o estresse socioeconômico, fatores genéticos, estilo de vida, alimentação e carga de trabalho são fatores que influenciam diretamente no aumento dos casos”, observa.
A principal recomendação para quem enfrenta a ansiedade é buscar apoio terapêutico. A terapia comportamental é uma das abordagens que mais oferece resultados positivos, segundo a psicóloga. Além disso, ela aponta outros cuidados importantes no processo de tratamento e prevenção, como:
- Prática regular de atividade física;
- Estabelecimento de uma boa higiene do sono;
- Alimentação equilibrada;
- Identificação e manejo de ambientes ansiogênicos (que geram ansiedade).
“Precisamos ter clareza de que o ser humano é integral. A ansiedade não pode ser tratada como algo isolado, mas sim dentro do contexto completo da vida da pessoa”, reforça. Como mensagem final, Suélen ressalta a importância de desmistificar a ansiedade e de desenvolver uma escuta mais cuidadosa em relação às pessoas que sofrem com o transtorno. “É fundamental oferecer acolhimento, compreensão e acesso ao cuidado. Precisamos estar atentos aos sinais e lembrar que a saúde mental merece o mesmo cuidado que a física.” Sempre é um bom momento para promover a conscientização sobre a relevância da saúde mental e a importância de procurar ajuda profissional diante de desafios emocionais.