Estados Unidos preparam série de sanções graduais contra autoridades brasileiras
Ministros do STF que votaram a favor da ação contra Jair Bolsonaro estão entre os alvos de medidas planejadas para serem aplicadas de forma progressiva
O Departamento de Estado dos Estados Unidos estuda aplicar sanções da Lei Magnitsky a outros ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que votaram favoravelmente ao processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. A informação foi divulgada por Lourival Sant’Anna, analista de Internacional da CNN Brasil.
Na última quarta-feira (30), o governo americano aplicou a medida contra o ministro Alexandre de Moraes. A Lei Magnitsky é voltada a estrangeiros acusados de violações graves de direitos humanos. Segundo Sant’Anna, em entrevista ao programa WW, a aplicação dessas sanções deve ocorrer de forma escalonada.
Possível impacto em vistos e exigências adicionais
Ainda de acordo com o analista, o plano norte-americano inclui medidas adicionais que podem afetar vistos de autoridades próximas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, excluindo o próprio presidente, a primeira-dama e o vice-presidente Geraldo Alckmin. A restrição de vistos pode ser estendida a brasileiros em geral. Vistos já concedidos também podem ser revogados e novas emissões podem ter custo de até 500 dólares.
Sant’Anna avalia que tarifas comerciais impostas durante o governo de Donald Trump ainda são utilizadas como instrumento de pressão. Ele afirma que os EUA buscam demonstrar que têm diversas formas de ação e que essas medidas serão adotadas conforme a resposta brasileira.
Interferência nas eleições de 2026
Segundo o analista, o ex-presidente Donald Trump gostaria que Lula comparecesse à Casa Branca e reconhecesse que o processo contra Bolsonaro ultrapassou os limites, o que seria politicamente vantajoso para o republicano. Como isso não deve ocorrer, outro cenário cogitado seria influenciar as eleições presidenciais de 2026 no Brasil, favorecendo um candidato alinhado ao movimento republicano.Sant’Anna também comentou que o Departamento de Estado dos EUA está planejando aplicar medidas semelhantes à Colômbia, além de manter tensão com o Panamá. Em contrapartida, a Argentina, sob o governo de Javier Milei, tem recebido benefícios como a discussão sobre tarifa zero para 80% dos produtos entre os dois países e a isenção de vistos para entrada nos EUA.As negociações entre os dois países têm esbarrado em divergências quanto a conceitos como democracia e liberdade de expressão. Segundo Sant’Anna, as exigências dos Estados Unidos envolvem temas delicados para o Brasil, como soberania nacional e a autonomia dos Três Poderes. As tensões vão além do comércio e atingem questões institucionais e políticas.
Brasil, redes sociais e relação com Cuba e Venezuela
O movimento ‘Make America Great Again’ (MAGA), alinhado a Trump, expressa preocupação com a possível aproximação do Brasil de governos como o da Venezuela e Cuba. Essa visão difere da posição brasileira quanto ao papel das instituições democráticas e à liberdade de expressão. A discussão se intensifica com o debate sobre a regulação das redes sociais, um dos pontos centrais das sanções. O dilema gira em torno de equilibrar o combate à desinformação e ao discurso de ódio com a preservação da liberdade de expressão. Há receio sobre a forma como as regras são aplicadas e suas possíveis consequências sobre direitos fundamentais.