Cooperativas agropecuárias movimentam mais de R$ 165 bilhões no Paraná

O primeiro sábado do mês de julho é dedicado à valorização de um modelo de negócio que deu muito certo. Hoje (06), celebra-se o Dia Internacional do Cooperativismo. Esse sistema, presente há quase dois séculos, representa uma solução econômica eficaz para milhares de cooperados ao redor do mundo, promovendo o desenvolvimento das comunidades. O objetivo da data é conscientizar globalmente sobre o papel das cooperativas, reconhecidas por fomentar prosperidade compartilhada entre seus membros e contribuir significativamente para o avanço econômico, social, cultural e político em diversas nações.

No Paraná, diversas cooperativas estão estabelecidas em variados ramos e segmentos. O sistema cooperativo tem um impacto positivo na comunidade local, oferecendo oportunidades significativas em várias áreas econômicas. A seguir, faremos uma contextualização histórica e apresentaremos dados específicos sobre as cooperativas do ramo agropecuário no estado.

História

A história do cooperativismo moderno teve início em 1844, na cidade de Rochdale-Manchester, Inglaterra. Em resposta às dificuldades enfrentadas para adquirir produtos básicos nos mercados locais, um grupo de 28 trabalhadores (27 homens e uma mulher) uniu esforços para fundar seu próprio armazém. A ideia era simples e eficaz, comprando em grande quantidade, obtinham melhores preços, e o que adquiriam era distribuído igualmente entre todos. Assim nascia a ‘Sociedade dos Probos de Rochdale’, pioneira do cooperativismo moderno, fundamentada em valores como honestidade, solidariedade, equidade e transparência, princípios que continuam essenciais até hoje.

O sucesso dos 28 pioneiros foi notável. Em apenas quatro anos, a cooperativa já contava com 140 membros. Doze anos após sua fundação, em 1856, esse número cresceu para 3.450 sócios, com um capital social que aumentou significativamente de 28 para 152 mil libras.

• Deral aponta prejuízo de R$ 2,5 bilhões na agricultura do Paraná

À brasileira

No Brasil, a cultura cooperativista tem raízes desde a colonização portuguesa, promovida por funcionários públicos, militares, profissionais liberais, operários e imigrantes europeus. De acordo com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), oficialmente, em 1889, iniciou-se com a Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto, em Minas Gerais, voltada inicialmente para o consumo de produtos agrícolas. Outras cooperativas surgiram em estados como Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Em 1902, o padre suíço Theodor Amstad fundou a primeira cooperativa de crédito do Brasil, a Sicredi Pioneira, em Nova Petrópolis (RS), suprindo a falta de instituições financeiras na região. A partir de 1906, destacaram-se as cooperativas agropecuárias, impulsionadas por produtores rurais e imigrantes europeus, que trouxeram consigo valores culturais e experiências comunitárias que fortaleceram o movimento cooperativista.

Surgiu no Paraná

De acordo com a Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Sistema Ocepar), o cooperativismo no Paraná teve início em 1829 com a chegada dos primeiros imigrantes alemães à Colônia Rio Negro, expandindo-se com comunidades como a Colônia Thereza Cristina, fundada por franceses em 1847. Experiências pioneiras como a ‘Colônia Cecília’ em 1890 e a formação de cooperativas como a Florestal Paranaense em 1909 e a Batavo em 1925, demonstraram o potencial do modelo cooperativista para fortalecer economias locais e integrar comunidades rurais. A partir da década de 1960, o cooperativismo paranaense cresceu, destacando-se projetos de integração regional desde 1969, apoiados por entidades como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Banco do Brasil. Essas iniciativas reorganizaram e fortaleceram as cooperativas, promovendo o desenvolvimento econômico e a modernização através da agro industrialização e da educação cooperativista. A autonomia alcançada com o Programa de Autogestão das Cooperativas na década de 1990 consolidou as cooperativas do Paraná como exemplos de eficiência empresarial e inclusão social, sustentando um legado de cooperação e prosperidade comunitária no estado.

• Ministério da Agricultura registra mais 45 defensivos agrícolas para utilização

Números paranaenses atuais

Os dados mais recentes do cooperativismo agropecuário paranaense hoje, são de 2023, já que é comum que ao final do ano as cooperativas façam seu relatório anual. A seguir temos dados comparativos de 2022 x 2023.

• Faturamento: De acordo com o Sistema Ocepar, as cooperativas agropecuárias paranaenses tiveram um desempenho destacado em 2023, com faturamento de R$ 165,2 bilhões, representando um crescimento de 3,61% em relação ao ano anterior. Em dólares, o faturamento chegou a US$ 33,1 bilhões, um aumento de 6,7%, impulsionado pela variação cambial. Considerando o volume global de receitas, que inclui faturamento operacional, receitas financeiras e receitas de empresas coligadas e controladas, o montante atingiu R$ 177,1 bilhões.

• Origem do faturamento: A origem do faturamento das cooperativas esteve diversificada: 2% de bens de fornecimento, 22% de insumos, 37% de produtos industrializados, 38% de produtos não industrializados e 1% de serviços. Especificamente na produção da cooperativa e dos cooperados, a atividade industrializada representou 49% do volume total, com 50% desse faturamento vindo de produtos de origem animal, 47% de origem vegetal e 3% de origem mineral.

• Região: As cooperativas da região oeste do Paraná lideraram o crescimento, com um aumento de 11,1% no faturamento, seguidas pelo noroeste (7,3%) e oeste (5,6%). A região oeste manteve-se como a principal em volume de faturamento, concentrando 41,67%, seguida pelo noroeste com 28,58%.

• Maiores cooperativas: O levantamento da gerência de Monitoramento e Consultoria do Sistema Ocepar, indicou que 88,5% do faturamento consolidado do ramo agropecuário vieram das 14 maiores cooperativas do estado, cada uma com faturamento anual superior a R$ 2,9 bilhões.

• Quantidade: O Paraná encerrou 2023 com 62 cooperativas agropecuárias, distribuídas em várias regiões: 18 no noroeste, 12 no oeste, 4 no norte, 20 no centro-sul e 8 no sudoeste.

• Balança comercial: As exportações totalizaram US$ 9,2 bilhões, um aumento de 35,5% em relação a 2022. O resultado financeiro de 2023 foi positivo, alcançando R$ 6,2 bilhões, embora 9% inferior ao de 2022. A margem bruta manteve-se estável em 14%, mas a margem líquida reduziu de 6,8% para 5,8%, refletindo um aumento nas despesas operacionais e administrativas.

• Estrutura de capital:  O grau de alavancagem do ramo vem diminuindo desde 2016, atingindo um índice de 1,7% em 2023, o menor em uma série histórica de 10 anos. O endividamento total caiu de 68,4% para 34,3%. O capital de giro apresentou um saldo positivo, superando a necessidade.

• Cooperados e colaboradores: O quadro social das cooperativas cresceu 6,2% em 2023, totalizando 215.097 cooperados, dos quais 98,56% são pessoas físicas e 1,44% pessoas jurídicas. Entre os cooperados, 18,48% são mulheres. O número de colaboradores aumentou 1,7%, chegando a 109.309.

Cantuquiriguaçu

Na microrregião da Cantuquiriguaçu, as maiores cooperativas estaduais estão estabelecidas em vários municípios, desempenhando um papel fundamental no fomento ao desenvolvimento local. Entre elas estão:

• Coamo;
• Coopavel;
• Coasul;
• Coprossel;
• Primato;
• Agrária.