Novembro: cheio de datas para lembrar

O penúltimo mês do ano foi composto por dois feriados nacionais prolongados: Finados, dia 02 e a Proclamação da República, dia 15. Como também por um marco da memória nacional, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, dia 20, que estende uma série de ações durante uma semana. Um mês cheio de pausas e memórias coletivas para rememorar.

O primeiro deles, Finados, remonta a necessidade humana de enterrar seus mortos em locais específicos para guarda e visitação. No Brasil, está ligada à tradição da religião católica, momento de introspecção e oração pelas “almas”. Foi instituído na Idade Média (séc V- XV) como forma de unificar comemorações pagãs e definido como feriado no Brasil em 2002, pela Lei nº 10.607. Outras culturas, no entanto, mantêm aspectos extrovertidos de homenagear os mortos.

Depois, no dia 15, a Proclamação da República rememora a queda do sistema político monárquico e a instauração do sistema republicano no Brasil, em 1889. Momento em que a gerência do Estado deixa de ser governada por famílias que se perpetuavam no poder por séculos, transmitindo de pai para o primeiro filho. Passa a ser governado por militares e depois, civis pelo sistema de votos durante um curtíssimo período de anos. Mesmo apesar de nesse momento, o direito a voto ainda ser restrito aos mais abastados monetariamente, ampliava a participação da sociedade no poder político.

Já no dia 21, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra lembra a morte de Zumbi dos Palmares, líder do quilombo mais expressivo da época colonial. Os escravizados, negros trazidos da África em condições desumanas para o trabalho em regime de prisão, que conseguiam fugir, se abrigavam nestes espaços. Foi sancionado como Lei em 2011 (Lei 12.519) e estabelecido em 2003 no calendário escolar como uma semana para pensar o ensino de história e cultura afro-brasileira no Brasil. 

Um mês intenso, que caminha para o fechamento do ciclo anual e nos coloca a pensar sobre importantes questões acerca da vida em sociedade. Desde as variadas formas de lidar com a morte e ressignificar os ancestrais, a possibilidade da participação do povo nas decisões políticas de forma cada vez mais consciente, até o combate do racismo estrutural arraigado em nossas mentes que colocam as pessoas de tons de pele escura como inferiores.