Por que a demanda é uma preocupação para o setor de leite em 2025?

A queda nas importações beneficia os produtores, reduzindo a concorrência com o produto externo. Porém, com possível alta de produção, preços pagos por litro, tendem a diminuir

A indústria leiteira inicia 2025 com expectativas positivas devido à redução nas importações e à previsão de condições climáticas favoráveis. A queda nas importações beneficia os produtores, reduzindo a concorrência com o produto externo, mas também pode diminuir a oferta interna. No entanto, desafios permanecem para o setor ao longo dos próximos meses.

Importações

O aumento dos preços de produtos lácteos no mercado internacional, aliado à desvalorização do real, deve conter as importações brasileiras, que atingiram níveis recordes em 2024. Segundo Valter Galan, sócio da consultoria Milkpoint, a elevação dos preços praticados por Uruguai e Argentina, somada ao câmbio desfavorável, pode reduzir a competitividade desses produtos no mercado brasileiro. Em dezembro de 2024, o valor da tonelada subiu de US$ 3,7 mil para US$ 4,1 mil, segundo a consultoria.

Dados do Ministério da Agricultura mostram que o Brasil importou 252,5 mil toneladas de lácteos entre janeiro e novembro de 2024, volume ligeiramente superior ao mesmo período de 2023, mas 60% acima do registrado em 2022. A alta nas importações levou o setor a solicitar uma investigação sobre dumping por parte dos países vizinhos, pedido atendido pelo governo brasileiro em dezembro.

Impacto no mercado interno

A queda nas importações beneficia os produtores, reduzindo a concorrência com o produto externo, mas também pode diminuir a oferta interna. Esse cenário pode elevar os preços ao consumidor, que já demonstra resistência a novos aumentos. Em 2024, a inflação do leite longa vida alcançou 20,38%, superando a inflação geral de 4,87%, conforme o IPCA.

No campo, as perspectivas climáticas são positivas, o que pode impulsionar a produção nacional. Entretanto, esse crescimento tende a pressionar os preços pagos aos produtores, que tiveram margens favoráveis em 2024. De acordo com o Cepea, o preço médio do litro de leite pago ao produtor aumentou 38% no ano passado, alcançando R$ 2,8065.

A analista Juliana Pilla, da Scot Consultoria, prevê que a elevação da oferta em 2025 poderá comprometer parte das margens conquistadas. Mesmo com a alta nos custos de produção no final de 2024, a relação entre preços recebidos pelos produtores e os custos permaneceu favorável em comparação com anos anteriores.

Limites para os preços

Para Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindilat-RS, os preços já atingiram o limite de repasse ao consumidor, dificultando novos aumentos. Ele destaca a necessidade de ganhos em eficiência para garantir a sustentabilidade do setor.

Com um cenário econômico estável e sem grandes adversidades climáticas, Palharini acredita que 2025 pode ser um período de equilíbrio e crescimento para o setor, tanto em produtividade quanto em demanda.