Colégio Floriano oferece Jardim Sensorial para pessoas com deficiência visual

O espaço atende gratuitamente pessoas de todas as idades da região e estimula os sentidos com piso tátil, relevo nas paredes, fonte de água, plantas aromáticas e um pergolado com trepadeiras

O Colégio Estadual Floriano Peixoto, em Laranjeiras do Sul, é referência no atendimento a alunos com deficiência visual na região. A instituição abriga a Sala de Recursos Área Visual do Núcleo Regional de Educação (NRE), coordenada pela professora Ana Sueli Lemos Krause. O espaço atende estudantes de todas as idades, independentemente se estão ou não, em período escolar. Atualmente, são nove alunos, com idades entre 7 e 70 anos, vindos de diferentes municípios. O atendimento é voltado para pessoas cegas e com baixa visão.

Jardim sensorial

Entre as iniciativas voltadas à inclusão e autonomia dos estudantes, destaca-se o Jardim Sensorial, um ambiente desenvolvido para estimular os sentidos além da visão. O espaço conta com tapete sensorial com diferentes texturas, como de pedras, areia, grama sintética e outros, desenhos em relevo nas paredes, fonte de água e plantas aromáticas e árvore frutífera, permitindo uma experiência sensorial completa. Segundo a professora Ana Sueli, o ambiente auxilia na orientação espacial e mobilidade dos alunos.

A professora reforça a importância da independência no aprendizado e no dia a dia dos alunos. “Nosso trabalho aqui é voltado para que cada um desenvolva habilidades que permitam maior autonomia. Eles aprendem a ler e escrever em braile, cozinhar, cuidar da casa, usar a bengala para orientação e mobilidade, o que permite se deslocarem com segurança. O jardim é um complemento essencial nesse processo, reforça os sentidos além da visão”, afirma a professora Ana Sueli.

O projeto

“O Jardim Sensorial foi resultado de um projeto encaminhado a Engie que fomos contemplados. Dentre os materiais adquiridos, conseguimos a madeira para o pergolado mas faltou a mão de obra na montagem que foi viabilizada pelo vereador Fábio Borsoi”, ressalta a professora responsável.

Idealizado pela equipe da escola, o projeto contou com o apoio de Borsoi, cujo pai é um dos estudantes atendidos. O vereador contribuiu com a mão de obra para a construção do pergolado por meio de uma ação social da Cooperativa Coprossel. “É gratificante ver como um ambiente adaptado pode transformar a vida das pessoas. A inclusão vai além da sala de aula, e esse jardim é um exemplo disso”, destaca Fábio.

Emocionado, ele também compartilha o impacto pessoal que o a Educação Especial proporciona a sua família. Seu pai ficou cego há 11 anos devido a retinopatia diabética.  “Às vezes, me pego refletindo e agradecendo a Deus, porque, apesar da perda da visão, meu pai nunca se entregou à tristeza. Ele nunca se deixou abater pela depressão ou pelo desânimo. Pelo contrário, sempre manteve a alegria”.

Além disso, o vereador anuncia que a tinta para pintar o pergolado e a mesa do jardim será uma doação sua. Fábio também menciona que buscará, junto ao deputado Gugu Bueno, a doação de dois aparelhos de ar-condicionado, um para a Sala de Recursos Visuais e outro para a Sala de Altas Habilidades.

Impacto positivo 

A diretora da instituição, Maria Eliza Wolff, enfatiza o impacto positivo do espaço na aprendizagem. “Esse projeto nasceu da necessidade de oferecer um ambiente mais adequado e acolhedor para nossos alunos. Ver os resultados e o envolvimento da comunidade mostra que estamos no caminho certo. O objetivo é proporcionar um ambiente verdadeiramente inclusivo, que valorize cada pessoa e contribua para uma melhor qualidade de vida”, disse.

Inclusão

Com nove alunos atualmente, a Sala de Recursos Visual segue como referência na região, promovendo a inclusão e garantindo que pessoas com deficiência visual possam desenvolver suas habilidades e conquistar maior independência em suas rotinas.

Um dos alunos atendidos, é o jovem de 24 anos Lucas Emanuel Portela Agassi, que frequenta as aulas com a professora Ana, desde os nove meses de vida. “Participar da escola desde os nove meses foi um marco na minha vida. Aqui, eu aprendi não só a ler e escrever em braile, mas também a me virar no dia a dia, a fazer contas e a desenvolver minhas habilidades. Foi um processo longo e, apesar das dificuldades, sempre foi muito gratificante ver o meu aprendizado se desenvolvendo, especialmente com o apoio da professora Ana Sueli. Aprender as letras, os números, cada detalhe do braile, foi essencial para minha formação”. Ele também comenta sobre a importância das aulas na convivência interpessoal em sua vida. “Quando morava em Cantagalo, eu estudava no ensino regular e vinha para Laranjeiras ter aulas na Sala de Recursos no Colégio Floriano. Aprendi a conviver com as pessoas e elas, comigo. O aprendizado foi mútuo, como muitos já me disseram, pois além de aprenderem comigo, também me ensinaram muito sobre convivência”, finaliza Lucas.