Dia do Padre: “Ser padre é ser pai, cuidar do rebanho que lhe foi confiado. Seguir os passos de Cristo na Terra”, afirma o pároco

Neste quatro de agosto, o Correio do Povo entrevista o Padre Sebastião Gulart, que aborda sua trajetória na vida como sacerdote

Neste dia quatro de agosto é celebrado o Dia do Padre. Para homenagear a data, o Correio do Povo conversou com o Pároco Sebastião Gulart, de Laranjeiras, que contou sobre o surgimento da data e sua caminhada até a vida sacerdotal. “O dia foi instituído pelo Papa Pio XI em 1929. Em homenagem à São João Maria Vianney, que foi canonizado e proclamado padroeiro dos padres, pelo grande exemplo de devoção, santidade e perseverança. Por isso a data é comemorada em quatro de agosto, que também é dia do padroeiro”.

A vida do padroeiro

Popularmente conhecido como Cura D’Ars (curador da cidade de Ars, na França) o presbítero nasceu em 8 de maio de 1786, na cidade de Dardilly. “Pertencente a uma família humilde, desde cedo ajudava a sua família na lavoura e na adolescência ainda era analfabeto. Apesar disso, vivenciou sua religiosidade fortemente, por meio dos ensinamentos aprendidos com a sua mãe. Com 17 anos, sentiu-se chamado ao sacerdócio, tendo como intenção salvar almas”, afirma o padre.

Sebastião afirma que devido ao pouco conhecimento intelectual, a caminhada do padroeiro não foi fácil. Durante o percurso, contou com a ajuda de alguns sacerdotes como o Padre Abbé Balley, pároco de Écully que o instruiu nesse processo e, em 13 de agosto de 1815, com 29 anos, recebeu a ordenação sacerdotal.

Em 1818, foi enviado para Ars, uma aldeia pagã no sudeste da França com cerca de 230 habitantes, onde dedicou a sua vida à caridade. “O povo começou a perceber que confessar-se com o Cura D’Ars era também um momento de discernimento de vida, de orientação e transformação”

Conforme historiadores, as orientações dadas pelo Pe. João nas confissões eram verdadeiras dádivas vindas do céu para curar os corações feridos, restabelecer a esperança, o amor e a confiança em Deus. “Diariamente filas enormes se formavam diante do confessionário da Igreja e o Pe. João passava horas a fio atendendo a todos, muitas vezes, sem comer. Em diversas ocasiões, passou dias inteiros sentado no confessionário atendendo os corações aflitos em busca de orientação e libertação. E todos saiam transformados daquele confessionário”, diz o padre.

Com o tempo a fama dos dons e santidade do Cura D’Ars se espalhou pela Europa e muitos viajavam para Ars a fim de ver o Padre e confessar-se com ele. Para isso, estavam dispostos a esperar horas ou dias. Assim, o pequeno vilarejo de Ars tornou-se um grande centro de peregrinações.

Sem descansar um dia sequer, Santo Cura D’Ars faleceu serenamente, consumido pelo cansaço em 4 de agosto de 1859 com 73 anos. Mesmo em vida, era tido como santo por todos. Após a morte passou a ser venerado. Hoje o corpo incorrupto de São João Vianney pode ser visto na Igreja de Ars, que se tornou centro de peregrinação na Europa. Vianney foi canonizado e proclamado padroeiro dos sacerdotes. Mesmo a data sendo instituída no dia quatro, no Brasil as celebrações ocorrem no primeiro domingo de agosto dando início ao mês vocacional.

Trajetória na vocação

“Segundo a Igreja, vocação é dizer sim a Deus, pela fé, descobrir o próprio lugar no mundo, na Igreja de hoje e no serviço aos irmãos”, afirma Sebastião, que fala sobre seu caminho, desde seu começo como catequista, até hoje, sendo Pároco.

“No início da juventude nem sempre está clara esta opção, por isso é necessário conhecer os diversos caminhos, eu mesmo tive as minhas dúvidas. Nasci em uma família do interior, com sete irmãos. Nos criamos no sítio, trabalhando duro, e a partir da fé e devoção dos meus pais, sempre envolvidos com a comunidade, fiz catequese”, explica Sebastião.

“Logo após, me tornei catequista e ministro da eucaristia a pedido do Padre da comunidade. Sempre gostei de estar na igreja e participar de tudo que eu pudesse. Então com 23 anos, em 2004, surgiu a vontade de ser Padre. No ano seguinte entrei para o seminário de Guarapuava para estudar o propedêutico, um acompanhamento de um ano, depois fui para Francisco Beltrão fazer Filosofia, e em seguida Cascavel, onde cursei quatro anos de Teologia”.

Sebastião diz que em 31 de agosto de 2013, depois de oito anos de estudos, enfim veio a ordenação para se tornar Padre. Ao fim deste mês ele completa 10 anos de dedicação à vida sacerdotal.

Como se tornar um Padre?

“Diante das diversas opções vocacionais que a vida cristã oferece, é importante que os jovens façam um discernimento para descobrir qual é a vocação em que se sentem chamados por Deus”, afirma Sebastião.

Sebastião finaliza convidando àqueles que desejam seguir nesta vocação. “Para se tornar padre, um homem precisa ter mais de 25 anos, ser solteiro, ter feito oito anos de seminário, cursar Teologia, Filosofia e receber uma ordenação diaconal”.

Quem sentir a vontade de se tornar um Padre, pode entrar em contato com o escritório paroquial que fica localizado em frente à Igreja Matriz Sant’Ana.