Osmário Portela: “vidas perdidas não são números”

Em entrevista ao Correio, o prefeito de Guaraniaçu refletiu sobre o trabalho na pandemia e disse que a atuação do governo federal é uma tragédia

O prefeito de Guaraniaçu, Osmário Portela, em entrevista com a equipe de jornalismo do Correio do Povo do Paraná, falou sobre a pandemia em 2020, e quais as medidas o município tomou para o primeiro ano de seu segundo mandato. “Foi inesperado e pegou todo mundo de surpresa, pois veio de uma forma abrupta. Até hoje mais de um ano desde o primeiro caso, ninguém sabe ainda o que é correto o que tem que ser feito, e as ações que os municípios devem tomar”.

Ele comenta que dentro de todo esse contexto vieram as incertezas. “Tivemos que fazer decretos, sem noção nenhuma do que estava se propondo, os próprios governadores tomando posicionamento, aí se politizou demais, em um ano de eleição municipal. E no final na minha avaliação quem saiu prejudicado foi o povo brasileiro”.

O prefeito lamenta as mortes e se sente comovido com acontecimentos. “Foram vidas perdidas e vida não é número, é um amor que se vai, é um filho que fica, um pai que padece um avô que sofre, não é uma simples estatística. Alguns defendem a saúde, outros a economia, mas o sentimento da dor só quem passa por isso”, diz.

Depois de meses de pandemia muitos ainda não levam a sério. “Alguns que não acreditam ainda na doença, perguntar se não morre mais pessoas do coração, de AVC, de cólera, morre sim do mesmo jeito, mas em um único ano coisa que ninguém nunca viu falar tirar a vida de quase 300 mil pessoas é muita coisa”.

Em Guaraniaçu, desde que começou a pandemia, foi montado um comitê para acompanhar e fiscalizar o processo. “Mesmo que não tenhamos uma equipe preparada para fazer abordagem, continuamos trabalhando 24 horas. O mesmo profissional que faz a coleta é aquele que quando falece uma pessoa faz todo procedimento de arrumar o corpo para ser lacrado”, afirma Osmário.

Cuidados

O que tem o preocupado é a volta as aulas, de acordo com o mandatário. “Um ano sem aulas, crianças em casa, perdendo o contato importante com outras crianças, afetando o psicológico tanto delas quanto dos pais que tiveram que se reinventar e fazer o papel de professor, não vejo como voltar as aulas, voltar com 20% da capacidade de sala não resolve nada, se os jovens têm dificuldades em se adaptar aos novos procedimentos e cuidados, imagina uma criança”, relata.

Guaraniaçú, entre os municípios da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop), é o que menos tem casos de pessoas que perderam a vida vítimas da Covid-19.”Foi o total de 4, e pessoas com o vírus ativo também é um número pequeno. A secretaria de Saúde continua trabalhando muito, imploramos até que as pessoas não fiquem se aglomerando”, comenta o prefeito.

Segundo ele, o governo do Estado no início ouviu as cidades maiores, alguns presidentes de associação, e não ouve nada de forma sincronizada. “O governo federal em relação aos governadores foi uma tragédia, se o presidente da república denegasse ao vice a partir de hoje o Sr. Mourão vai coordenar a saúde e encontrar os caminhos para minimizar essas mortes todas, acho que ai daria certo”.

Para ele, o presidente Jair Bolsonaro tem a personalidade muito forte. “Em hipótese ele vai rever tudo aquilo que prometeu desde o início. O ele está defendendo, não está errado quando fala que a economia está errada, a gente compreende a situação, mas é difícil falar”.

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