Ruído do tráfego eleva risco de hipertensão, aponta pesquisa

Estudo pioneiro comprova relação de causa e efeito entre ruído do tráfego e aumento da pressão arterial, destacando a importância de medidas preventivas

Uma recente pesquisa do Journal of the American College of Cardiology (Jacc) descobriu que viver perto de uma via movimentada pode aumentar a pressão arterial. O estudo, liderado pelo professor Jing Huang da Universidade de Pequim, é o primeiro a estabelecer a relação de causa e efeito entre o ruído do tráfego rodoviário e a hipertensão. Estudos anteriores mostraram conexões entre o tráfego ruidoso e o aumento do risco de hipertensão, mas não estava claro qual desempenhava um papel maior: o ruído ou a poluição do ar. A equipe analisou dados de mais de 246 mil habitantes do Reino Unido, com idades entre 40 e 69 anos, e descobriu que aqueles que moravam em locais com barulho de trânsito estavam mais propensos a desenvolver hipertensão. O risco aumentava à medida que os níveis de barulho ao qual o morador era exposto aumentavam. Dos participantes, 21.140 apresentaram incidência de hipertensão primária, o equivalente a 8,5% da amostra.

Políticas públicas

Um estudo realizado por cientistas da Universidade de Berna, na Suíça, encontrou uma relação entre o barulho do tráfego e a hipertensão arterial. Mesmo considerando a poluição do ar causada por dióxido de nitrogênio e partículas pequenas, a associação se manteve. O estudo também mostrou que a exposição simultânea aos dois fenômenos aumenta o risco de desenvolver hipertensão. O líder da pesquisa enfatizou a importância desses achados para orientar políticas públicas que visem mitigar os efeitos adversos do barulho do tráfego na saúde. Em comentário publicado na mesma edição da Jacc, um bolsista de doenças cardiovasculares destacou que os resultados fornecem evidências para justificar a implementação de medidas individuais e coletivas para melhorar a saúde cardiovascular, como a redução do ruído do tráfego rodoviário e da poluição do ar. A hipertensão é uma doença multifatorial que afeta cerca de 25% da população brasileira e pode ser causada por diversos fatores, como genética, estilo de vida e condições socioeconômicas. Apenas 5% dos casos têm uma causa específica ou hormonal.

Aumento das mortes

Essas pesquisas também comprovaram que fatores socioambientais comuns da vida moderna estão diretamente associados ao aumento de eventos cardíacos, sendo essa relação independente e com efeito acumulativo. A hipertensão é um exemplo, sendo que os níveis de poluição do ar e ruídos sonoros nas grandes cidades são causas relevantes para o aumento da pressão arterial. Essa descoberta pode ser um dos principais motivos para o aumento do risco de morte por doenças cardíacas em muitos pacientes.