Vício em jogos eletrônicos preocupa pais e educadores

Para psicóloga Nezia Santos é crucial que haja acompanhamento e intervenção dos pais ou responsáveis para evitar a dependência

Com os avanços da tecnologia, o vício em jogos eletrônicos tem sido uma preocupação cada vez maior. Pais, autoridades e educadores buscam formas de reduzir os impactos negativos que o uso excessivo de jogos em dispositivos tem causado.

Além dos jogos tradicionais, os jogos de azar estão cada vez mais em alta. Por exemplo o Blaze, praticamente um cassino online, domina o mercado brasileiro. Até mesmo jovens de Laranjeiras do Sul, na faixa os 16 anos já perderam centenas de reais neste website. “Se tiver um cartão um cartão de crédito (geralmente dos pais) pode apostar”, conta um dos meninos que prefere não ter seu nome divulgado. Na maioria dos casos, os pais nem imaginam que os filhos estão mexendo com jogos de azar.

Um mundo cada dia mais conectado

Em conversa com o Correio do Povo, A psicóloga Nezia Santos lembra que, nos últimos anos, a pandemia levou à necessidade essencial de usar tecnologias digitais em várias áreas, como saúde, educação e trabalho remoto. “A exposição excessiva às telas, especialmente por crianças e adolescentes, tem se tornado um problema generalizado, com efeitos colaterais”, explica.

Segundo ela especialistas em saúde mental, pediatras, escolas e professores têm observado um aumento no número de crianças e adolescentes com déficit de atenção, dificuldades de aprendizado e outros problemas decorrentes do longo tempo de exposição às telas. “No caso dos adolescentes, o uso excessivo das telas influencia comportamentos e atitudes, leva a uma geração mais envolvida em atividades online do que residenciais”, acrescentou a psicóloga.

Para a psicóloga é preciso conscientizar a comunidade sobre o tema, pois tem impacto significativo na vida dos jovens. “Considerando a necessidade atual de exposição digital em diversos aspectos da vida, é necessário abordar os danos e efeitos prejudiciais causados às crianças. Perdas cognitivas são um desses efeitos, pois o desenvolvimento mental das crianças é limitado quando a tecnologia é usada em excesso, substituindo o brincar e a experiência lúdica do mundo real. Isso compromete as capacidades, causando desatenção, dificuldade de raciocínio e falta de concentração”, afirma.

Papel dos pais

Ela também destaca que, embora a tecnologia faça parte do cotidiano, é crucial que haja acompanhamento e intervenção dos pais ou responsáveis para evitar a dependência. “O uso excessivo das telas, diminui as trocas comunicativas, afetando o desenvolvimento da linguagem e dificulta os relacionamentos interpessoais. O exemplo de um jantar em família ilustra essa realidade, com celulares sobre a mesa, distrações constantes e crianças cada vez mais sendo colocadas diante de dispositivos para entretenimento, em vez de aproveitarem a convivência familiar. Esses cenários refletem os desafios enfrentados em um mundo cada vez mais conectado”, acrescenta Nezia.

Dependência

O vício se caracteriza quando começa a impactar outras áreas da vida da pessoa, ou seja, se faltar ao trabalho ou for mal nos estudos, deixar de cuidar da higiene e renunciar a outras prioridades da vida, para jogar.

Nesses casos, a pessoa enfrenta diversos problemas cognitivos, desorganização da rotina, desalinhamento de relações, dificuldade de comunicação, entre outros mais graves, como transtorno de ansiedade ou até mesmo depressão.

É comum que a pessoa inserida nesse contexto assuma posições agressivas, na defensiva, de distanciamento e falta de comprometimento.

Quanto antes for percebido e tratado, maiores as chances de uma recuperação sem grandes traumas. “Procurar um profissional ou mesmo o atendimento na saúde pública, pode evitar danos mais profundos”, finaliza Nézia.