Dia Mundial do Agrônomo: professores Henrique e Rubens discorrem sobre a importância e os desafios da profissão

Para homenagear os profissionais de Agronomia, trouxemos uma matéria especial com dois agrônomos e professores da UFFS

No Brasil, o Dia do Agrônomo é celebrado em 12 de outubro, por se tratar do dia da regulamentação da profissão (por meio do decreto 23.196 de 1933). Já o Dia Mundial do Agrônomo é celebrado em 13 de setembro, para homenagear os profissionais da Agronomia e agropecuária, independente da área de atuação.
O engenheiro agrônomo atua em uma área que permite múltiplas funções, desde a preparação de solo para cultivo até as atividades ligadas ao meio ambiente e ao agronegócio. Tudo depende do tipo de formação e especialização profissional. Alguns preferem se aperfeiçoar em física e matemática, uns escolhem biologia e química, outros se especializam em gestão e há aqueles que atuam como professores nos cursos superiores.
Em entrevista ao Jornal Correio, dois professores do curso de Agronomia da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Laranjeiras do Sul discorreram sobre sua trajetória e experiência na área.

Henrique Von Hertwig Bittencourt

O professor Henrique Von Hertwig Bittencourt relata que a Agronomia é uma profissão dedicada a produção de alimentos, fibras, combustíveis e ao estudo das populações rurais, que tem uma ligação direta com os recursos naturais imprescindíveis para o homem, como oxigênio, água e a biodiversidade.

“O foco da formação dos agrônomos tem sido a produção de plantas e animais, especialmente, conciliando com a preservação dos recursos necessários para que ela possa se manter pelo maior tempo possível e com o máximo de benefícios para a sociedade”, destaca.
Em relação a profissão de engenheiro agrônomo, Henrique salienta que esta é regulamentada e fiscalizada pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA). “Essa fiscalização ajuda a manter a qualidade dos serviços prestados pelos profissionais que atuam na área de Agronomia, incluindo a engenharia agronômica”.
Segundo Henrique, a formação de um engenheiro agrônomo no Brasil ocorre normalmente em cinco anos, podendo variar em outros países para menos. “Vale a pena ressaltar a qualidade do profissional que é formado aqui. Temos engenheiros agrônomos trabalhando em diferentes locais e instituições do mundo. Isso é reflexo da qualidade, principalmente das universidades que trabalham na formação desses profissionais, trazendo conhecimentos das áreas de engenharia rural, fitotecnia, zootecnia, solos, desenvolvimento rural e tecnologia de alimentos”, detalha o professor.

Henrique ainda destaca que no perfil profissional dos alunos formados pela UFFS, busca-se conciliar os valores humanos e éticos, além do conhecimento técnico. “Isso tem feito com que nossos alunos exerçam a profissão de engenheiro agrônomo em diversas áreas, seja empreendendo, abrindo negócios próprios que prestam serviços e assistência técnica a produtores, ou auxiliando na elaboração de projetos e comercialização de produtos. Temos alunos trabalhando em cooperativas, empresas e em instituições públicas que prestam esse tipo de serviço”, exemplifica.

Rubens Fey

De acordo com o professor Rubens Fey, essa é uma profissão importante, com formação oferecida desde 1875, com a primeira escola de Agronomia na Bahia. “Esse curso surge devido a necessidades geradas pela crise de mão de obra no país, que naquele período era a escrava. Não existia domínio nem conhecimentos de técnicas adequadas a produção. Por isso foi necessário criar cursos voltados a aplicação dessas técnicas de forma mais eficiente”, ressalta.

De acordo com Rubens a profissão foi mudando ao longo dos anos para produzir alimentos de forma eficiente, mas sem deixar de respeitar as questões ambientais, sociais e culturais. “A profissão de Agronomia permite trabalhar em diferentes áreas. Posso ser um profissional que trabalha em laboratórios produzindo pesquisas das culturas, desde reflorestamento, produção de alimentação animal, grãos, fibras, raízes e folhas. Desde que haja produção de alimento, o agrônomo estará envolvido”.

Rubens explica que uma área importante de atuação do engenheiro agrônomo é a pública, auxiliando tanto nas discussões de criação de políticas públicas, quanto na execução delas enquanto exercem os cargos públicos voltados a área de agrárias. “Uma das primeiras áreas de atuação dos primeiros formandos de Agronomia eram em atividades de extensão no campo. Para auxiliar o agricultor na forma de produzir os alimentos, em que os recursos disponíveis como água, nutrientes, energia solar e genéticos, fossem aproveitados de forma mais eficiente”, ressalta. “Todos esses recursos precisam ser racionalizados de forma que possam ser obtidos os melhores resultados, visando um alimento de qualidade e de baixo custo na mesa da sociedade”, completa.

Rubens destaca que desde a criação do primeiro curso de Agronomia, foram criados mais 287 cursos. O Paraná é o terceiro estado com maior número, com cerca de 30 cursos, ficando atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais. “Em Laranjeiras, nós também temos o privilégio de poder contar com um curso de Agronomia. Financiado por recursos públicos, onde o candidato realiza sua formação sem cobrança de mensalidade, totalmente gratuito”, finaliza Rubens, convidando a população para que busquem mais informações a respeito, caso haja interesse em cursar Agronomia.

Segundo ele, o que diferencia o curso de Agronomia da UFFS dos outros 287 cursos é a inovação na formação, com a produção de alimentos mais saudáveis. “São alimentos ditos orgânicos ou agroecológicos. Esse tipo de alimento preconiza a não utilização de agrotóxicos e adubos químicos. Esses dois ingredientes são vastamente utilizados na agricultura brasileira e podem deixar resíduos nos alimentos, que uma vez consumido, dependendo da quantidade, pode gerar um efeito ruim ao organismo de quem consumir”, adverte.

“Sendo assim, a proposta do curso é buscar técnicas, estratégias, caminhos e soluções que possam fazer com que sejam produzidos alimentos na quantidade necessária, mas de forma segura”, frisa Rubens. “Aqueles que se interessarem por uma formação nessa área e que desejam trabalhar buscando soluções e inovações em tecnologias que visem uma produção de alimentos mais saudáveis, fica o convite para conhecer nosso curso”, destaca.

Rubens finaliza lembrando que o Dia Mundial do Agrônomo, celebrado hoje, é uma data que remete a importância dessa profissão para a sociedade.

“Todos os países precisam da produção de alimentos, que é o básico para a manutenção da vida. O engenheiro agrônomo tem esse papel fundamental na produção e racionalização do uso dos recursos necessários para a produção de alimentos para seres humanos e animais”.