Talvez ainda esteja longe, mas chegará o dia em que o futsal competirá de igual para igual com o futebol de campo pela atenção do público. O último campeonato mundial, realizado na Lituânia, é uma boa amostra do processo de internacionalização – e de multiplicação de interesse – do futsal. Mas o que esse esporte pode oferecer aos espectadores? Quais as vantagens do futebol de quadra em relação ao futebol de campo?
Para começar, a velocidade. O futsal sempre foi – e sempre será – dinâmico. Não há espaço para o jogador-cone, aquele que fica parado esperando a bola chegar. O futsal é quase uma coreografia: todos tem que se movimentar, seja marcando, seja atacando. E isso dá a sensação de que o jogo flui, mesmo quando não há gols. Um contraste com o futebol de campo, no qual vários jogadores podem se esconder à vista de todos. Dizem que há até alguns que escolhem jogar do lado sombreado do gramado.
O futsal também não permite a famosa cera, tão frequente nos campos. Com o cronômetro travado nas bolas paradas, não adianta o goleiro do time que está ganhando machucar-se misteriosamente, sem sequer ter saltado. Isso só vai fazê-lo sair do jogo, já que o futsal também possui múltiplas substituições. Duas boas dicas para a FIFA adotar na próxima reunião de conselho.
O campeonato mundial de futsal também mostrou como esse esporte é mais democrático, já que nele países sem tradição no campo conseguem competir com nações que são gigantes na grama. Basta olhar em um site de apostas online para comprovar que a diferença entre os times, no futsal, é muito pequena. Nações como Marrocos, Irã e Cazaquistão conseguem engrossar jogos com medalhões mundiais e até mesmo beliscar títulos. É legal ver times fora dos grandes circuitos competindo.
Talvez esse sucesso de países sem tradição no campo tenha relação com a facilidade de jogar futsal. Requer menos participantes e não depende de grandes espaços. Bastam dez pessoas – mesmo que um time de futebol – reunidas em uma quadra – que qualquer escola tem e já dá jogo. Também é mais fácil cobrir e climatizar uma quadra, o que elimina ou reduz a necessidade de condições climáticas favoráveis.
Outra atração que o futsal traz é a mesma que angariou milhões de adeptos ao futebol no passado: o drible. Dos anos 40 aos anos 90, driblar era parte do jogo de futebol – talvez a mais divertida de ver. Em algum momento, o drible passou a ser uma forma de ofensa contra o adversário. Dar um elástico, uma caneta ou um lençol frequentemente termina em uma falta feia, como quem diz “me respeite” com uma botinada.
No futsal, porém, o drible é bem-vindo e essencial. Com menos espaço, a habilidade tem que ser extrema para conseguir limpar a marcação. E isso é lindo de ver. Tanto que há até competições exclusivas para dribles de futsal. E mais: fazer repetidas faltas no futsal é um mau negócio, pois pode gerar chutes livres sem barreira. Então é melhor aceitar o drible do que fazer a falta. Enquanto isso, no futebol de campo, praticam-se ‘faltas táticas’ aos borbotões, matando um ataque e a beleza do jogo.
Sempre há o risco de distorções, mas as redes sociais são um parâmetro para se verificar o interesse em determinados assuntos. Quanto mais internautas, maior o interesse, em uma matemática cyberespacial simples. E, só no Paraná, já há mais de 800.000 seguidores de times que jogam com a bola pesada. Isso é cerca de 7% da população do estado, um número expressivo para um esporte que não ocupa o horário nobre dos canais esportivos. Por tudo isso, talvez ainda demore. Mas o futsal vai se tornar o legítimo herdeiro do futebol de campo.