Janeiro atípico para Laranjeiras do Sul. O mês está sendo marcado por incessantes chuvas. Para se ter ideia, até o domingo (31), já eram contabilizados 17 dias seguidos de chuva. A última “trégua” foi nos dias 14 e 15. Ocorre que, com o aguaceiro, a Defesa Civil fica em alerta por conta dos riscos de deslizamentos em regiões montanhosas da cidade.
No dia 22, por exemplo, dois desmoronamentos foram registrados. O primeiro, na BR-158, no trecho entre dois trevos da cidade. Por sorte, ninguém passava pelo local no momento. Algumas horas depois, a terra cedeu na região do bairro Nossa Senhora Aparecida, nas proximidades do Lago 1. A previsão do tempo prevê chuvas constantes até o dia 6 de fevereiro.
Triste histórico
A região do Nossa Senhora Aparecida, inclusive, carrega na história uma tragédia. Em junho de 2013, em um período de longas chuvas, uma parte do morro cedeu durante a noite e matou mulher e filha pequena. Felizmente, as ocorrências neste início de mês não fizeram vítimas, nem danificaram residências. A inda assim, a Defesa Civil precisou agir e pediu a interdição de duas casas no bairro. Em uma delas, a família se recusou a deixar o local e o proprietário assinou um termo de responsabilidade. A Polícia registrou um boletim de ocorrência.
Desde então, o local está sendo monitorado pelo órgão do município. Técnicos da prefeitura também acompanham áreas no bairro Santo Antônio de Pádua. No entanto, a prefeitura argumenta que o solo daquela região tem se portado bem mesmo diante das chuvas, em razão de obras de prevenção a desastres.
De acordo com a Defesa Civil, grande parte das moradias de lá são de invasão de terras. “Foram tiradas algumas famílias e levadas para um conjunto habitacional, mas uma acabou voltando e se recusando a sair”, revela o coordenador do órgão, Willian Pavlack. No Nossa Senhora Aparecida, os terrenos são regulares, mas construídos sem alvará.
O que ocorre com os desalojados?
Segundo Willian, quando é necessário desalojar uma família em razão dos riscos de desabamento, a prefeitura presta a assistência necessária, fornecendo hotel, por exemplo. “Não necessariamente temos a obrigação, pois existe a política de prevenção de desastres do governo estadual”, refuta.
O coordenador explica que os donos não perdem a propriedade. “Como grande parte dessas casas são construídas sem alvará, precisam ser feitas obras de contenção. Em áreas de preservação permanente, onde não deveriam ser construídas moradias, quem se responsabiliza é o município”.
Alagamentos: novo e constante problema
Nos últimos anos, algumas regiões da cidade, como no centro, têm registrado alagamentos. De acordo com a prefeitura, a chave disto está na hidrografia e na forma como o município foi desenvolvido.
Muitas das áreas hoje habitadas, apropriadas ainda no século passado, foram construídas sobre zonas de córregos e até mesmo de rios – o que hoje não é permitido. Entretanto, as residências desde então assentadas enfrentam com mais frequência dilemas com alagamentos.
Algo que para muitos pode ser surpreendente é o fato de que, no centro, há um rio submerso. A galeria subterrânea entre as ruas Tiradentes e José Ayres de Oliveira, serve de sustentação para o córrego.
Lagos: além da beleza e do lazer
Além de ser belo e ponto de referência para o lazer na cidade, o Lago 1 exerce uma função estratégica no combate aos alagamentos. Laranjeiras possui cinco bacias hidrográficas espalhadas. Elas serpenteiam a cidade e desembocam em alguns rios. Antes da urbanização, sem asfalto e construções, o solo fazia a absorção do excesso de água. Com essa possibilidade atualmente limitada, o risco de transbordação é maior.
Diante disso, a existência dos lagos é fundamental. Eles “seguram” a água, como amortecedores de cheias. Esses locais represam a grande quantidade de água. O Lago 2, embora esteja sendo revitalizado agora, existe e exerce a função há mais tempo também. “Resolvem em grande parte os casos de enchentes e evita os deslizamentos”, diz Willian.