Banco de Alimentos Comida Boa garante refeições para 1,3 milhão de pessoas no Paraná

Com um crescimento de 5% em 2024, o Banco de Alimentos do Paraná doa, em média, 466 toneladas de comida por mês a instituições e famílias

O Dia Internacional de Conscientização Contra o Desperdício de Alimentos, instituído pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em 2019, será celebrado hoje (29). No Paraná, uma iniciativa do governo estadual se destaca como exemplo de política pública voltada a essa causa, o programa Banco de Alimentos Comida Boa. Criado em abril de 2020 em resposta à pandemia, o programa reaproveita alimentos que seriam descartados por não atenderem às exigências do comércio, mas que ainda estão em boas condições de consumo, impactando diretamente e indiretamente 1,3 milhão de pessoas. O Banco de Alimentos coleta frutas, verduras e outros produtos junto a atacadistas e produtores rurais, distribuindo-os in natura ou processados para 342 instituições de assistência social. Entre os beneficiados estão creches, orfanatos, casas de recuperação, abrigos, hospitais públicos e famílias em situação de vulnerabilidade social. Além disso, os alimentos são utilizados no contraturno escolar, garantindo refeições a estudantes. Desde sua criação, o programa evitou o desperdício de aproximadamente 50 toneladas diárias de alimentos. Inicialmente disponível apenas em Curitiba, o Banco de Alimentos expandiu suas operações para as Centrais de Abastecimento de Cascavel, Foz do Iguaçu, Londrina e Maringá, sob a coordenação da Ceasa Paraná.

Impacto social
De acordo com o presidente da Ceasa Paraná, Eder Bublitz, o programa tem mostrado crescimento contínuo. Em 2023, foram doadas, em média, 443 toneladas de alimentos por mês, totalizando 5,3 mil toneladas no ano. Nos primeiros sete meses de 2024, essa média subiu para 466 toneladas mensais, representando um aumento de quase 5%. “Esses alimentos, embora não sejam adequados para venda nos mercados, possuem alta qualidade nutricional e estão em perfeitas condições de consumo”, afirmou Bublitz. “Temos a expectativa de superar o volume de doações do ano passado, beneficiando centenas de entidades parceiras.” Uma das instituições que se beneficiam do programa é a Associação Cristã de Apoio aos Dependentes Químicos de Quitandinha, na Região Metropolitana de Curitiba. Há quatro anos recebendo doações, a organização utiliza os alimentos para oferecer cinco refeições diárias às 70 pessoas atendidas. Segundo o fundador da instituição, Vanderlei Martins, as doações são fundamentais para a manutenção dos serviços prestados. Mesmo quando os alimentos não estão mais adequados para consumo humano, eles continuam sendo reaproveitados. Através de uma parceria com o Instituto Água e Terra (IAT), a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) e criadouros de animais, os produtos são utilizados na alimentação de animais silvestres resgatados de situações de maus-tratos. Um exemplo é o Criadouro Conservacionista Onça Pintada, em Campina Grande do Sul, que recebe cerca de 29 toneladas de alimentos por mês.

Reconhecimento
O sucesso do Banco de Alimentos Comida Boa tem atraído a atenção de outros estados brasileiros e países como Alemanha, México, Paraguai, Chile, Bolívia e Peru. Representantes de várias nações já visitaram a Ceasa Paraná para conhecer o projeto, que foi apresentado como modelo de redução do desperdício de alimentos pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior na Organização das Nações Unidas (ONU) em 2023. Recentemente, o programa foi premiado com o ouro no Stevie® Awards, uma das maiores premiações empresariais do mundo, consolidando seu reconhecimento internacional.

Conscientização
Além dos benefícios diretos, o Banco de Alimentos também contribui para a educação sobre a importância de evitar o desperdício. Estudantes e professores do ensino fundamental participam do programa “Ceasa Recebe”, que promove visitas educativas às centrais de abastecimento. “Plantar a semente do futuro” é como Bublitz descreve a iniciativa, ao ensinar crianças sobre a origem dos alimentos e como evitar danos que possam levar ao desperdício. Para o professor Jonas da Silva, da Escola Municipal Belmiro César, em Curitiba, a experiência dos alunos no Banco de Alimentos ajuda a despertar um senso de responsabilidade com o uso dos alimentos. “Eles aprendem a reaproveitar e a evitar o descarte desnecessário, um conhecimento que podem levar para suas casas e escolas”, destacou Silva. Com desperdício zero nas unidades da Ceasa, o programa é um exemplo de como políticas públicas podem ser eficazes no combate ao desperdício de alimentos e na promoção da segurança alimentar.