Como reconhecer os fitoterápicos que fazem mal à saúde

Esses medicamentos são obtidos a partir de plantas medicinais e só podem ser produzidos por indústrias farmacêuticas ou manipulados em farmácias autorizadas

O uso de produtos fitoterápicos irregulares para emagrecimento, tratamento de doenças e cuidados com o corpo, podem trazer sérios riscos à saúde. Apesar de as promessas desses produtos serem diversas, muitos deles não possuem eficácia comprovada e são vendidos sem registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável pela regulação dos medicamentos no Brasil.

Regularização

O órgão publicou recentemente uma cartilha com orientações para o uso seguro de fitoterápicos e plantas medicinais. O documento ensina a população a verificar o registro dos produtos junto à agência e a identificar propagandas enganosas, além de orientar sobre como denunciar irregularidades.

É importante lembrar que os fitoterápicos regularizados pela Anvisa são medicamentos obtidos a partir de plantas medicinais e só podem ser produzidos por indústrias farmacêuticas ou manipulados em farmácias autorizadas pela Vigilância Sanitária. Todo fitoterápico industrializado deve ser autorizado pela Anvisa antes de sua comercialização.

Porém, muitos produtos vendidos na internet ou em lojas de produtos naturais não se enquadram nesta definição oficial e são irregulares. Os riscos desses produtos vão desde a contaminação dos ingredientes até a presença de substâncias anabolizantes escondidas em produtos vendidos como naturais.

Apesar dos riscos, os fitoterápicos regularizados trazem muitos benefícios e são usados há muito tempo em diversas aplicações. A especialista em medicina integrativa, Silvia Kawakami Pantaleão, ressalta a importância de lembrar que não é porque um produto é natural que ele não pode fazer mal e que é preciso diferenciar os produtos regulamentados daqueles que não são.

Perigos

O consumo de fitoterápicos irregulares pode afetar seriamente o fígado, que é responsável por metabolizar muitos dos elementos encontrados nesses produtos. O uso excessivo de substâncias hepatotóxicas pode causar danos ao órgão, incluindo quadros de hepatite fulminante. Diversos compostos encontrados em produtos irregulares, como chá-verde, cavalinha, melissa, sene, centelha asiática, espirulina e garcinia, são conhecidos por apresentar riscos ao fígado quando usados em doses elevadas. O risco é ainda maior quando vários ingredientes são combinados em um único produto, especialmente em cápsulas ou misturas de ervas.

O hepatologista, Aécio Flávio Meireles Souza, alerta que os casos de hepatite fulminante, causados por produtos naturais irregulares costumam ser mais graves do que aqueles provocados pelo uso excessivo de medicamentos, já que a combinação desconhecida de substâncias tóxicas dificulta a identificação da relação de causa e efeito.