Na busca de equilíbrio e diálogo, deputada Leandre ingressa no PSD

Como PV deve se unir ao PT e ao PCdoB, deputada diz que não ficaria a vontade em nenhum extremo

Aproveitando a janela de troca de partidos a deputada Leandre Dal Ponte aceitou o convite do governador Ratinho e ingressou no PSD. Leandre militou no Partido Verde por 12 anos, e disputou três eleições, a primeira foi em 2010, a qual não se elegeu, mas se tornou suplente por 164 votos.

“Eu fiz 47,5 mil votos, e faltaram estes 164 para poder conquistar definitivamente a cadeira. Após quatro anos, em 2014 me elegi como a primeira deputada federal do Paraná e do Brasil pelo Partido Verde, com 81 mil votos. Em 2018 eu me reelegi como a única deputada federal do país pelo PV, com 123 mil votos, um feito histórico”. Quando há a filiação a uma agremiação partidária, após um tempo cria-se laços e parcerias, e faz-se amigos, enfatiza a parlamentar. 

“Para mim particularmente, não é só política, pelo contrário eu busco o companheirismo, a cumplicidade, alguém que eu possa dividir os dias bons e ruins”, afirma.

Reforma política

Quando houve a reforma política, os partidos passaram a cumprir a cláusula de desempenho, o PV na última eleição teve uma certa dificuldade para superar essa barreira e fez isso com uma margem muito pequena.

Para ingressar era 1,5 a votação nacional e o partido conseguiu apenas 1,57 elegendo apenas quatro deputados, sendo uma bancada muito pequena na Câmara. “E lá não é como a Câmara de vereadores, ou a Assembleia Legislativa que o que importa é se você é ou não adversário do governo. Somos 513 representantes e não podemos fazer nossas ações no “varejo”, tem que ser em âmbito de “atacado”, por esse motivo que existem as figuras das bancadas. Então uma bancada pequena que nem a do PV, com apenas quatro deputados representantes, acaba tendo muita dificuldade em tudo”, explica.

Isso influencia no desempenho do mandato, inclusive na performance, na base e do quanto  consegue-se contribuir e servir as pessoas. Desse modo, pensou-se na questão pragmática de como participar de uma nova eleição, com o risco de obter uma votação expressiva e se eleger num partido que não exista mais, ou de repente alcançar um número significativo de votos e ficar de fora porque o partido não consegue atingir um grupo de pessoas que fizesse a legenda.

“Eu não sou uma pessoa de extrema direita, quem me conhece sabe que eu nunca fui de extremos, e também não sou de esquerda. Essa questão de ser xiita, não faz meu estilo, eu sou uma pessoa que busca o equilíbrio e o diálogo, e que tenho a capacidade de conviver bem com quem pensa diferente de mim, o que hoje é algo raro, pois as pessoas vivem em desarmonia, e criticam quem pensa diferente delas, há muita intolerância”, expõe Leandre.

 A deputada afirma que sentiu que o Partido Verde precisa tomar uma decisão, ou ele caminhava sozinho, ou corria o risco de acabar, e migrava para fazer uma federação com algum outro partido, e foi o que aconteceu. O PV filiou-se a uma federação que está consolidada, porém ainda não foi oficializada, e conta com o Partido dos Trabalhadores (PT) e PCdoB, de extrema esquerda, os quais ela respeita, porém não se adequam a sua conduta. E esse foi um dos motivos pelo qual a parlamentar mudou de legenda e migrou para o PSD.

Convite do governador

O governador em 2018 havia convidado Leandre para disputar a eleição pelo PSD, mas ela ainda possuía o compromisso com o PV, onde precisava cumprir o mandato. “Durante a campanha daquele ano fui convidada para trabalhar na secretaria do governo, mas após o resultado das eleições e com a quantidade de votos que obtive, ficou difícil deixar o mandato, até porque estávamos começando um novo governo, e era uma mudança totalmente radical”, diz.

Após agradecer o convite do governador, a deputada explica que ele refez o convite pela terceira vez para integrar o PSD, e ficou muito difícil não aceitar.

“Eu trabalho muito mais na área social e o PSD tem um outro direcionamento, os parlamentares que ali atuam, são muito mais focados em gestão, infraestrutura, na área de obras, tecnologia, inovação e não possuem muita militância no quesito social. Por ter grande representatividade na Câmara, é uma maneira de podermos dar voz a esse âmbito, voltado para a saúde das pessoas, na defesa das pessoas idosas, políticas públicas para crianças, e mudarmos o rumo dessa história buscando soluções para a desigualdade social”, afirma. 

Espaço para pautas sociais

Com a participação feminina da deputada no partido, se abrirá espaço para trabalhar as pautas sociais e de saúde necessárias, que conforme ela precisam de suporte, para chegar no plenário e serem aprovadas, caminhando até a sanção presidencial.

“Tenho exemplos de projetos que chegaram até o presidente e foram vetados, então tudo isso pesa, e tem a ver com questão partidária e com a força de cada partido. Então essa foi a minha história dentro do PV e de como eu decidi mudar para o PSD este ano”, conclui.