Nova Laranjeiras: Laço Comprido, a paixão que vem de berço se torna um estilo de vida

Ronei de Avila é um dos maiores nomes não só da região mas de todo Paraná, além de laçador é locutor, domador e treinador

Uma prática que tem ganhado cada vez mais adeptos é o Laço Comprido, que para muitos mais que um esporte passou a ser um estio de vida.
Essa modalidade vem se tornando grande atrativo ao público regional, lotando arenas e aumentando o interesse pelo assunto, visto que a Cantu tem a agropecuária como base de sua economia.

Um dos maiores nomes da região é Ronei João de Avila, de 37 anos, que é natural de Nova Laranjeiras. O atual coordenador geral da 16° região conta que sua paixão começou ainda muito pequeno, pois seu pai foi o fundador do CTG Gaúcho de Erveira, atual CTG Nova Querência, de Nova Laranjeiras. “Sempre fui envolvido nos rodeios, pois meu pai era laçador, eu sempre o acompanhava. A partir de 2010 consegui estar mais perto dos campeonatos da região”.

Em 2011 Ronei participou da seleção dos 10 melhores laçadores da 16° região, e quase todo ano quando não estava entre os10 primeiros, se encontrava em primeiro ou segundo suplente.

Em meados de 2014 ele começou a narrar rodeios, e hoje é credenciado ao departamento de narradores do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) do Paraná.

Três anos depois tornou-se Patrão do CTG Nova Querência. “Além de laçar e narrar os rodeios da região e domingueiras, também sou domador de cavalos e treinador de Laço Comprido”.

Em 2019, último ano de campeonato oficial antes da pandemia, Avila se classificou no Laço Autoridade – disputada apenas por autoridades dos MTGs/Federação – e representou a região no Encontro de Seleções em Toledo, consagrando-se como Campeão Paranaense do Laço Autoridade.

Laço Comprido

Segundo registros, a prática originou-se no Rio Grande do Sul e é baseada na lida diária que o homem do campo tem com os animais de fazenda.

Para realizar a prova no campeonato de laço, o participante deve segurar o cavalo no brete até o momento da saída do boi para a pista e a partir do momento da espera, o peão já é observado pelo júri.

Ronei explica que o tiro de laço acontece em pistas de 120 a 140 metros de comprimento por 30 de largura, onde o laçador tem a raia de até os 100 metros para lançar a armada – momento em que o laço chega ao boi -, laçando o bovino pelos chifres. “Caso o boi seja mocho, laça-se na altura do olho e orelha, pois a intenção é que não pegue no pescoço”.

Assim que o animal é laçado, deve haver uma volta com o bovino para então, retornar ao brete.

Conforme o experiente laçador, no campeonato de laço oficial são jogadas cinco armadas. O laçador paga para jogar e o sistema de pontuação é acumulativo, assim, quem possuir mais armadas no final é o campeão. No caso de empate no laço individual, continuam as voltas eliminando competidores até que obtenha-se um ganhador”.

Proteção animal

Diferente do que muitas pessoas pensam, a prova de Laço Comprido não maltrata ou tortura os animais, afinal, o objetivo da competição não é imobilizar os animais. Portanto, para que os bois e cavalos precisam estar saudáveis para que garantam um bom desempenho durante o campeonato.

Em 2016, foi sancionada a Lei 13.364/2016, que eleva o rodeio e a vaquejada à condição de manifestação cultural nacional e de patrimônio cultural imaterial.

Estilo de vida

Para Ronei, este é um estilo de vida único, mesmo não sendo dos mais baratos, pois conforme ele, manter um cavalo, a sua alimentação, vacinas, exames e transporte para os rodeios é caro. “Mesmo assim, digo que vale a pena pois é uma tradição de muito respeito, um ambiente sem brigas, para as famílias e os amigos se encontrarem. O acampamento de rodeio é um local para cultivar amizades”.

Avila exalta que são três gerações de amor pela tradição e diz que estar em um meio familiar competindo lado a lado com o filho de 16 anos é motivo de orgulho. “Ele compete desde criança e já coleciona mais de 80 troféus, desde o laço em vaca parada como na categoria Pai e Filho”.

“Quem começa a participar do Laço Comprido não se arrepende”, finaliza Ronei.

Categorias
•Laço Piá – 11 anos: armada livre de tamanho.
•Laço Guri – 11 aos 15 anos: armada de seis metros, com quatro rodilhas de 20.
•Laço Prenda Juvenil – 12 a 15 anos: acima dos 16: armada de seis metros quatro rodilhas de 20.
•Laço Prenda Adulta – Acima dos 16: armada de seis metros quatro rodilhas de 20.
•Laçador Adulto – 16 acima: armada de oito metros de circunferência e quatro rodilhas de 25.
•Laçador Veterano – 60 anos: Armada de sete metros e quatro rodilhas de 25.
•Laço em equipe: Cinco participantes montam a equipe de laço, e a que tiver mais números de laço, é a ganhadora.
•Laço Força: para ter mais equipes campeãs no rodeio, separa-se as com mais armadas, 25 na equipe, cinco para cada. Juntam as forças com 20 armadas para disputar a Força A, de 15 a 19 – Força B, de 10 a 14 – Força C e sai mais duas voltas de disputa até se ter o campeão.

Entenda a competição

Maior desafio
O peão tem de ser muito atencioso e esperto ao encontrar o momento certo para arremessar o laço. Assim que o boi estiver correndo, o laçador tem de encontrar o ponto correto de laçar o bovino, em poucos segundos.

Penalidades
Sempre que a prova ocorre sem problemas ou incidentes, ela é considerada positiva e a bandeirinha levanta uma bandeira branca.

Contudo, quando laçador erra o arremesso ou o boi tira o laço da cabeça antes da saída da pista, a prova é confirmada como negativa. Então, uma bandeira vermelha é erguida.

Caso o cavalo saia antes do boi na largada, dois pontos são descontados. Em contrapartida, se for constatado que o comportamento partiu exclusivamente do cavalo, até cinco pontos podem ser descontados. Ademais, se o cavalo não conseguir acompanhar, ou atropelar o bovino, o competidor perde um ponto.

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