Preço do litro de leite aumenta, mas produtores ainda operam no vermelho

Carmem Carlotto, pecuarista laranjeirense ressalta as dificuldades enfrentadas por conta do baixo preço ofertado

A pecuarista Carmem Carlotto, moradora do Rincão Grande, na região de Laranjeiras em entrevista ao Correio do Povo, explicou sobre os desafios da produção de leite e do manejo desta cultura. O preço do leite captado em janeiro e pago aos produtores em fevereiro registrou leve aumento de 1,4% em todo o país na comparação com o mês anterior, sendo negociado por R$ 2,13 por litro na média Brasil, explica.

“A desvalorização do leite no campo somada ao clima adverso e aos elevados custos de produção tem afetado o setor. A produção de leite está limitada especialmente no Sul do país. No Paraná, o valor de referência para negociação do leite aumentou sete centavos neste mês, ficando em R$ 1,84. Mas não é suficiente para suprir os custos da atividade leiteira no estado que está operando no vermelho”, frisa a pecuarista.

Realidade

O setor leiteiro está operando com queda na produtividade em decorrência dos reflexos negativos da primeira safra de milho, dos altos custos de produção e o andamento da segunda safra que está preocupando ainda mais, pela falta de estoque.

Segundo Carmem, o alto custo de produção não supre o preço ofertado. “O produtor não consegue suprir a demanda de custos com silagem e ração, necessários para a dieta do rebanho com o preço recebido”.
A pecuarista destaca ainda que um ganho a curto prazo é o da reprodução de novilhas. “As filhas das matrizes leiteiras desenvolverão uma genética de qualidade para utilizar e aumentar o nível na qualidade e quantidade da propriedade”.

Captação de leite em crise

O último boletim trimestral do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente a julho, agosto e setembro de 2021, aponta que as indústrias compraram 6 bilhões de litros de leite cru. O resultado representa a menor captação para um terceiro trimestre desde 2016. O presidente da Associação Brasileira de Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges acredita que o setor vai reagir nos próximos meses, e que a queda na oferta já era esperada.

“O leite precisa reagir e ele vai reagir. Já está reagindo o preço para o produtor e nós já esperávamos que a partir de fevereiro, março, o mercado desse uma mudança. Esperamos que tenha um controle maior e melhor da inflação apesar do ano não ser muito promissor em relação a isso, por ser um ano político, que pode trazer mais desequilíbrios e mais inconstâncias econômicas”, destaca.

Carmem finaliza relatando sobre a persistência do produtor de leite. “Estamos acostumados com oscilações de preço na atividade rural, mas sempre as ultrapassamos anualmente com a expectativa que melhore. Hoje, seguimos investindo e acreditando na atividade além de trabalho e vocação, pois a ordenha diária só pratica quem possui amor”.