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Investimentos em petróleo e gás alcançarão R$ 102 bi por ano até 2025

O presidente da entidade, Rodrigo Ribeiro, afirma que o valor estabelecido no Plano Decenal representa o potencial da indústria

Foi divulgado este mês pela Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo (ABESPetro) um levantamento que indica que os investimentos da indústria de petróleo e gás no Brasil alcançarão em torno de US$ 24 bilhões por ano, ou o equivalente a R$ 102 bilhões/ano, até 2025. O secretário-executivo da associação Thelmo Ghiorzi, explicou que o valor é baseado nos investimentos que o Brasil fará nos próximos anos.

Levando em conta que as reservas conhecidas fossem leiloadas, com investimentos nessas áreas, o Plano Decenal 2030, do Ministério de Minas e Energia (MME), publicado no ano passado, apresenta potencial de US$ 415 bilhões em investimentos para o setor até 2030, destacou Ghiorzi. “O número seria maior ainda”, completou.

Segundo a associação, o Caderno ABESPetro 2022 é o maior levantamento do primeiro elo da cadeia produtiva do petróleo, na qual estão situadas as empresas que fornecem bens e serviços diretamente para as companhias petroleiras.

Certas escolhas

O presidente da entidade, Rodrigo Ribeiro, afirmou que o valor estabelecido no Plano Decenal representa o potencial da indústria, “caso a gente faça as escolhas certas. O caderno procura traduzir o momento especial que a gente vive na indústria, que é o momento de escolhas, de transformação”. Ribeiro lembrou que, ao longo dos anos, o Brasil registra mais de duas décadas de leilões, com um intervalo de cinco anos sem pregões, que ocasionou um “preço alto” para a indústria. Conforme ele o momento não permite mais escolhas erradas com relação à indústria.

Ribeiro chamou a atenção que o mundo está se reposicionando com relação à matriz energética, no contexto de transição energética, de um lado, e da segurança energética, de outro. “Existe um debate muito forte com relação a isso e o mundo está se reposicionando”.

Empregos

Com média de investimentos prevista em R$ 102 bilhões ao ano em exploração e produção até 2025, é esperado gerar cerca de 500 mil novos empregos na atividade de exploração e produção de petróleo e gás, o chamado upstream,

Leva-se em conta a agenda propositiva sugerida pela ABESPetro de materialização. O Brasil fará uma escolha estratégica, explorando o potencial existente, Rodrigo Ribeiro afirmou que está se falando em uma geração adicional de mais 1 milhão de empregos até 2030, principalmente a partir de 2026.

Pesquisa e Elevação

O levantamento da ABESPetro destaca, por outro lado, que as reservas de petróleo são suficientes para que um país se torne um grande produtor de óleo e gás, porém o potencial do recurso natural deve ser desenvolvido pelos avanços em pesquisa, e inovação (PDI). Rodrigo Ribeiro indicou que o Brasil possui uma regulamentação que se propõe a tratar do assunto, mas, “infelizmente”, ela ainda não está produzindo efeitos práticos e adequados como os desejados.

Ele ainda afirma que o problema maior no Brasil não é a falta de recursos, porque a regulamentação atual já designa 1% de todo investimento na área de exploração e produção para pesquisa e desenvolvimento, mas o resultado prático não está sendo efetivo. No ano passado, isso equivaleu a R$ 3 bilhões. Este ano, já está em R$ 1,3 bilhão.

Thelmo Ghiorzi completa que esse dinheiro é direcionado para as petroleiras e universidades, para realização de pesquisas básicas e inovadoras, mas não chega nas empresas da cadeia produtiva de óleo e gás para desenvolver inovações e ser exportadora de produtos desenvolvidos localmente, por exemplo.

Ranking

O Caderno da ABESPetro revelou que apesar de terem reservas menores que o Brasil, países com alto investimento em PDI, como Estados Unidos e Coreia do Sul, se destacam no cenário mundial. A China, é uma das líderes globais na digitalização da indústria, investe 2,14% do seu Produto Interno Bruto (PIB), em PDI. Isso levou a China ao segundo lugar no ranking da capacidade de refino, embora apresente produção diária cerca de 60% menor que a dos Estados Unidos, que ocupa a primeira posição. O Brasil, é o décimo maior produtor mundial, manteve média de 1,16% de seu PIB investidos em PDI.

O presidente da ABESPetro fala que existe um universo de oportunidades o Brasil e as empresas poderiam se beneficiar, inclusive em geração de empregos, com relação às pesquisas voltadas à transição energética. “Eu costumo dizer que a indústria de óleo e gás é a mola mestra da transição energética. Na nossa visão, a indústria de óleo e gás é a grande indústria de transformação de energia e muitas das companhias investem pesado em projetos de transformação energética, em projetos de geração renovável, de captura de emissões. Muito poderia ser feito se os recursos de pesquisa e desenvolvimento pudessem ser aplicados nesse segmento também”, comentou.

Ribeiro fala que a situação geopolítica atual exige uma preocupação grande com relação à segurança energética e a indústria brasileira se sente responsável por isso no país. Que o país não fique refém da situação geopolítica do mundo de uma hora para outra”.

Remuneração

Segundo a publicação da ABESPetro, além da geração de emprego e de renda, o setor de óleo e gás contribuiu com arrecadação de R$ 104 bilhões em 2021, conforme o cálculo realizado pela Deloitte. O valor considera a soma de bônus de contratações de blocos exploratórios, royalties, participações especiais, tributos, dividendos distribuídos pela Petrobras e a parcela da União proveniente do regime de partilha do pré-sal.

Uma das bandeiras propostas pela entidade na publicação é o volume de atividades. A associação defende um calendário plurianual de leilões.