Taxa Selic, entenda como afeta o seu consumo

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu na semana passada manter a taxa básica de juros, Selic em 13,75%

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu na semana passada manter a taxa básica de juros, Selic em 13,75%. A decisão já era esperada pelo mercado. A taxa permaneceu inalterada pela quinta vez consecutiva, mesmo com a forte pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por sua redução.

Para os economistas, os juros devem continuar nesse patamar por mais tempo, uma queda só é cogitada a partir do segundo semestre do ano. Um conjunto de fatores, entre a deterioração na perspectiva de inflação, a piora na percepção do risco-país (indicador econômico que avalia o grau de confiança de mercados desenvolvidos em países emergentes) e a política monetária atual dos Estados Unidos, vem atrapalhando uma possível redução dos juros.

O que é a taxa Selic?

O Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) serve como referência para todas as taxas de juros do mercado brasileiro e é definida pelo Copom, grupo composto pelo presidente e diretores do Banco Central (BC).

Quando a taxa aumenta, os juros cobrados em financiamentos, empréstimos e no cartão ficam mais altos e isso desencoraja o consumo o que estimula uma queda na inflação. Por outro lado, se a inflação está baixa e o BC reduz os juros, isso barateia os empréstimos e incentiva o consumo.

Para definir o que fazer com a Selic, o BC avalia as condições da inflação, da atividade econômica, das contas públicas e o cenário internacional, sempre com o objetivo de manter a inflação dentro da meta.

A economia mundial vive um momento de alta inflação, reflexo dos desequilíbrios na cadeia de produção, combinados com um aumento do consumo devido à pandemia do Covid-19.

Brasil

No Brasil, o mais recente ciclo de alta começou em 17 de março de 2021. Desde então, a Selic subiu 12 vezes consecutivamente, de 2% para 13,75%, patamar atingido em agosto do ano passado. Desde então, permanece inalterada. É o nível mais alto desde 2016, quando a taxa começou o ano em 14%.

O objetivo do Copom é fazer a inflação brasileira ficar dentro da meta, que também é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Segundo o Chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, se o Copom mantiver a Selic inalterada, pouco muda para o bolso do brasileiro. “Se o BC sinalizar que existe espaço para eventuais cortes, isso pode fazer com que juros mais longos caiam, o que pode ajudar algumas condições monetárias, como linhas de crédito imobiliário”, diz André. 

Meta de inflação, o que é?

O regime de metas de inflação, o câmbio flutuante e a meta fiscal compõem o chamado ‘tripé macroeconômico’, anunciado em 1999 como a nova estrutura da política econômica brasileira. Isso depois de o Brasil ter superado, com o Plano Real (1994), um período traumático de hiperinflação (inflação muito alta), durante o qual os preços chegavam a aumentar 80% em um único mês.

Para 2023, a meta para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 3,25%. Porém, o mercado não acredita que o governo vá conseguir cumprir essas metas. O mais recente Boletim Focus (sondagem semanal do BC com agentes de mercado) mostra que o mercado acredita que o Brasil encerrará 2023 e 2024 com inflações anuais de 5,95% e 4,11% respectivamente, ambos índices acima da meta oficial.

Se não houvesse aumento nos juros, as pessoas estariam expostas à inflação alta, o que provocaria uma queda nos padrões de vida de todos. Os preços de bens e serviços subiriam, e os salários das pessoas não acompanhariam essa alta.