Chuvas podem alavancar preço dos derivados da soja, aponta agrônomo

Laranjeiras e Pinhão registram índices de chuva acima de 100% da média histórica

Foram 20 dias seguidos sem trégua. Entre 16 de janeiro e 4 de fevereiro, Laranjeiras do Sul registrou chuvas em todos os dias. Sexta-feira (5), ocorreu a quebra da sequência: apesar de em algumas horas nuvens tomarem conta do céu, o sol predominou e a água não desceu.

Não é novidade que janeiro foi diferente para os paranaenses. Comentários do tipo “nunca vi um janeiro desse jeito” foram comuns e os dados do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) confirmam os ditados populares.

De acordo com o órgão, no mês passado, Laranjeiras registrou 487,8 milímetros (mm) de chuva, bem maior do que a média desde 2018 – 269 mm. Em Pinhão – outro município da Cantu acompanhado pelo Simepar -, foram 349 milímetros ante 169 da média de janeiro, acompanhada desde 2004.

A nível de estado, Guaraqueçaba, na região litorânea, marcou o maior índice de chuvas: 810 mm. Foz do Iguaçu, no extremo-oeste, teve 508 mm, 244% acima da média histórica. As duas cidades, inclusive, superaram os índices dos últimos 20 anos. 

Impactos na agricultura

Enquanto janeiro foi de muita chuva, o fim de 2020 foi marcado pela estiagem. Para a agricultura, o excesso e o exagero de água são maléficos. De acordo com o engenheiro agrônomo da Cooperativa de Sementes de Laranjeiras do Sul (Coprossel), Márcio Dulnik,

“Vimos nos últimos meses a disparada do dólar, o aumento dos preços dos combustíveis e agora do pedágio e tudo isso reflete no aumento de custo para o produtor e por isso muitas vezes os produtos derivados chegam ao mercado mais caros”, explica.

“A natureza e a agricultura dependem das condições climáticas. A soja vive um momento delicado, mesmo o plantio ocorrendo em várias etapas. Claro que existem lavouras comprometidas. Nesta semana, foi colhida uma área em Laranjeiras do Sul com quase 30% de grãos ardidos. É muito, a tolerância é 4%.

O Brasil é o segundo maior produtor de soja, atrás apenas dos Estados Unidos. Por sua vez, o Paraná é responsável pela segunda maior produção do país. Entre os derivados mais populares da soja estão: óleos, farinhas, bebidas, molhos, sabões, solventes e biodiesel.

Com a produção apartada, há a tendência para o risco de aumento dos preços desses produtos. “ Essa lavoura estava pronta para ser colhida e pegou toda essa chuvarada dos últimos dias e o prejuízo é grande. O preço é bom, mas o produtor não terá lucro. Na loja, há o problema da estiagem também, nos meses anteriores. Tivemos o problema do mofo branco e, por outro lado, da ferrugem”, diz.

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