Cooperativa dos produtores de leite de Laranjeiras do Sul completa 25 anos
Para o presidente, Lauro Shuster, a Colels é um pilar fundamental. “O produtor de leite não é escravo, é uma pessoa compromissada. E nossa meta é garantir que eles recebam o pagamento em dia e um valor justo”
Quando a união fundamenta o trabalho, desafios se transformam em oportunidades. Na última sexta-feira (27), a Cooperativa dos Produtores de Leite de Laranjeiras do Sul (Colels) celebrou 25 anos de uma trajetória sólida, marcada pela solidariedade e pelo desenvolvimento. Fundada em 1999, em meio a dificuldades enfrentadas pelos produtores de leite da região, a cooperativa se estabeleceu como um pilar essencial para a sustentabilidade e o crescimento dos pequenos produtores. Para celebrar essa data especial, os hoje, 30 associados e suas famílias se reuniram em uma confraternização no sábado (28), que contou com a presença de fundadores, imprensa e parceiros que contribuíram ao longo desses 25 anos.
Primeiros passos
A ideia de criação da Colels surgiu quando os produtores de leite, com dificuldades de vender seu produto, se reuniram para tentar achar uma solução. Naquela época, as opções eram limitadas a apenas dois laticínios. A chegada da Frimesa, uma empresa de grande porte, trouxe mais competição, mas os produtores ainda eram forçados a aceitar preços baixos devido à falta de alternativas. “Os agricultores estavam desestimulados a investir em vacas leiteiras, pois a única escolha era entre empresas que não pagavam adequadamente”, explica o presidente da cooperativa Lauro Shuster.
Em 1999, com o apoio da Emater e do governo estadual, formaram-se cinco cooperativas na região, que se uniram na Central de Integração das Cooperativas (CIP) para fortalecer a negociação. A Colels foi uma das fundadoras, e a primeira negociação foi realizada com uma empresa de Guarapuava, que oferecia um preço competitivo, mas cobrava taxas que não beneficiavam diretamente os produtores. “O leite das cinco cooperativas cresceu rapidamente, e em 2002, juntos tínhamos entre 23 e 25 mil litros de leite por dia”, lembra Lauro.
Evolução e crescimento
Com o apoio do prefeito da época, Lauro Ruths, a cooperativa instalou-se na antiga ‘vaca mecânica’, local que seria destinado a produção de leite de soja mas que não foi utilizado pelo município. Iniciando um novo ciclo de crescimento. Em 2002, Lauro foi eleito oficialmente presidente e trabalhou para fortalecer a cooperativa. “Durante os primeiros anos, tivemos que lidar com a instabilidade do mercado de leite em pó. No entanto, conseguimos construir nossa sede própria no bairro Presidente Vargas, local que hoje é alugado para o laticínio São Leopoldo. Nossa sede foi construída graças ao financiamento dos próprios agricultores”, afirma Lauro.
Desafios
A Colels enfrentou várias dificuldades, principalmente com empresas que ofereciam preços baixos aos produtores. Uma delas foi a resistência de transições entre diferentes indústrias que captavam o leite, mas finalmente em meados de 2013 firmaram um acordo com a empresa São Leopoldo, que investiu em suas instalações, que neste momento já havia sido construída. “Na época, a prefeita Sirlene Svartz realizou um trabalho excepcional em prol da cooperativa. Graças aos seus esforços, conseguimos obter a inspeção federal para nosso entreposto de leite, que até então contava apenas com a licença municipal. ”, diz Lauro.
Além disso, outro desafio foi o fechamento da loja veterinária que haviam montado e que por mais que estivesse dando lucro, precisou ser fechada após alguns membros da diretoria terem optado por isso. “Naquela época, nossa loja veterinária estava prosperando há vários anos, especialmente após a mudança para a rua XV de Novembro, no centro. No entanto, em 2017, após um acidente que sofri, a diretoria decidiu que era momento de vender a loja”.
Atualidade
Atualmente, a Colels se destaca por oferecer os melhores preços aos pequenos produtores da região, segundo ele, o laticínio capta o leite dos produtores de forma individual, assim como são feito os pagamentos. Importante ressaltar que, conforme as negociações realizadas com a cooperativa, a diferença entre o maior e o menor produtor é de apenas R$ 0,20. “Se fizermos uma pesquisa, veremos que a cooperativa é a que melhor remunera os pequenos produtores, especialmente aqueles que produzem menos de 200 litros por dia. Em contra partida os maiores produtores pegam o maior preço do mercado”, assegura Lauro.
O presidente conta que a cooperativa possui um patrimônio consolidado. Muitas pessoas afirmam que a Colels faliu ou que quebrou, mas ele garante o contrário. “Nosso saldo financeiro é admirável, digno de inveja para qualquer empresa ou agricultor. A cooperativa ainda promove um almoço todo mês para os associados, nenhum deles desembolsa um centavo. Portanto, quando me perguntam se a Colels faliu, eu aproveito a oportunidade para esclarecer que a Colels não faliu. Financeiramente, estamos muito bem”.
Além disso, ele fala sobre a competência da diretoria. “O presidente não faz nada sozinho, meu papel é ouvir e atender às necessidades dos associados”.
Lauro também explica que hoje são 30 famílias que participam da cooperativa, e por uma questão de acordo, esse número é fixo e não pode, por enquanto, aumentar. “Quando uma família sai do nosso grupo, já existe uma fila de espera para outra entrar”, completa.
Futuro
O presidente enfatiza que a Colels não é apenas um negócio, mas uma comunidade de agricultores comprometidos. “O produtor de leite não é um escravo, mas alguém que se dedica ao seu trabalho, uma pessoa de extremo compromisso. E nossa meta é garantir que eles recebam o pagamento em dia e em um valor justo”.