Luciane Brusnicki, da Brusnicki Dogs’Show fala sobre a criação de cães de raça
Dona de um canil especializado na criação de raças como Shih-tzu e Spitz Alemão, Luciane explica como funciona este negócio e rebate as questões polêmicas sobre o assunto
Luciane Brusnicki, é dona do Brusnicki Dogs’Show, um canil especializado na criação de raças como Shih-tzu e Spitz Alemão. Durante cinco anos, ela vendeu para pessoas no Mato Grosso, São Paulo e Rio de Janeiro. Ela já esteve em contato com gente do Chile, porém para exportar é mais complicado, são muitas exigências.
Luciane trabalha na criação de cães de raça desde 2014 e conta que sempre amou esses animais. Na infância e adolescência, ela perdeu as contas de quantos cães vira-latas teve e lembra de ter tido dois cães da raça Lhasa Apso e um Poodle, porém sempre quis um de valor maior do que na época era capaz de comprar.
Luciane começou a criar quando sua filha caçula estava com seis meses. Ela comprou um, depois outro e com as compras começou a conversar com criadores antigos de mais de 15, 20 anos de experiência.
Por amor aos cães
O que a motivou foi a paixão pelos cães, fator primordial, segundo ela para ter optado em trabalhar com animais de raça. Decisão tomada, Luciane precisou estudar muito sobre a Cinofilia, o amor incondicional aos cães, sua criação, raças e características específicas, com os quais ela trabalha e principalmente aprendeu sobre o aprimoramento genético.
“Faço de tudo para dar uma vida de qualidade para os meus cães. O problema é que o meu ramo envolve muita polêmica por falta de conhecimento das pessoas e por ‘criadores’ de má índole. Nem chamamos de criadores, na verdade, e sim de cachorreiros. Na nossa cidade tem algumas pessoas que comercializam cães como se fossem um objeto. Não são afiliados a nenhum canil, não há uma fiscalização. Nada”, relata Luciane.
Segundo ela, muitas pessoas pensam que o trabalho consiste apenas em colocar dois cães juntos e pronto, o resto acontece por si só, sem a necessidade de uma assistência para a cachorra e para os filhotes. Para Luciane, não é apenas uma questão de cuidado, mas principalmente de ter responsabilidade ao adquirir um cão, que será um novo membro da família. “Isso é muito pouco abordado. As pessoas nem sabem de onde vem os cães de feiras, de pets. Não sabem se os pais são puros. A genética influencia até no temperamento do filhote”.
Para ela não é só uma questão de dinheiro, como é muito comum entre os outros criadores que não se preocupam minimamente com o cuidado com os cães. No caso de Luciane, que cuida por amor, os tutores que tem cães no seu canil sabem o quanto ela se preocupa e cuida dos animais. “Até brinco falando que os meus cães vão mais ao veterinário do que minha nenê ao pediatra”.
Ela reforça que é um erro as pessoas procurarem por preço e não por qualidade e pureza de raça. Se alguém quer possuir uma determinada raça, ela recomenda que procure um criador competente, que tenha um canil legalizado e que faça o trabalho por amor, não só pensando em fins lucrativos. Ela aconselha que o ideal é que a pessoa visite o local, veja os pais dos filhotes. De acordo com ela, nos dias de hoje, com muitos roubos de cães, alguns lugares não aceitam visitas. Nesse caso, seria preciso procurar se informar com pessoas que já compraram desse mesmo criador e que vissem os filhotes depois de crescidos, para averiguar se a raça é pura, de fato.
“Quando são bebês, todos são lindos. Não que não sejam todos bonitos depois de grandes, mas sendo realista, muitos usam da ingenuidade e da falta de conhecimento das pessoas na Cinofilia da raça e vendem cães mestiços. Esses mesmos que depois se frustram com os cães e abandonam, doam, porque não era o que queriam”.
São vidas, não objetos
Muitas pessoas discriminam criadores sérios como Luciane por vender e criar, mas segundo ela, não fazem ideia de quantos animais são ajudados e pessoas também. Como ela, por exemplo, que por muito tempo sonhou em ter os cães que tem hoje, o que não foi fácil. Luciane conta que também foi enganada, por não entender muito da Cinofilia do Spitz Alemão.
“Meu pedido seria para que essas pessoas, na grande maioria protetores de ONGs, parem de julgar as pessoas que sonham em adquirir um filhote de raça. Sabemos que o amor de qualquer animal é semelhante, mas adotar ou comprar é direito de todos. Cuidar e amar é obrigação”.
Quanto aos cuidados, todo criador ético dá assistência vitalícia ao tutor. O conhecimento básico é passado quando estes vem buscar o seu filhote e ao longo do tempo torna-se uma amizade. “Cães de pequeno porte, principalmente os de raça, são cães de companhia de dentro de casa”.
Um cuidado a ser tomado, de acordo com Luciane, é com as crianças pequenas. Ela mesma não vende para famílias com crianças menores de cinco anos. Às vezes há uma ou outra exceção quando os tutores estão devidamente cientes da situação e se mostram conhecedores do assunto. Se não, é difícil ter uma confiança, relata ela. “Estamos tratando de vidas e não de objetos. Já recusei alguns pretendentes a tutores e não me arrependo”.