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Em meio a pandemia, produtores de leite relatam as principais dificuldades

Um dos mais importantes produtos da agropecuária brasileira merece uma data especial no calendário. No dia 1° de junho é comemorado o Dia Mundial do Leite. Do campo à mesa, o leite desempenha um papel relevante não só como fonte essencial no suprimento de alimentos de muitas famílias brasileiras, mas também na geração de empregos e renda do País.

A produção atual de leite no Brasil está em torno de 33,6 bilhões de litros anuais e o rebanho leiteiro brasileiro é o segundo maior do mundo, ficando atrás apenas do da Índia, segundo informações da Embrapa Gado de Leite. Entretanto, em meio a pandemia, o caminho percorrido do campo à mesa pode ser árduo. Entenda o porquê:

Do campo à mesa

Para que o leite de qualidade e seus derivados cheguem à mesa do consumidor existe uma cadeia produtiva trabalhando todos os dias, faça chuva ou faça sol.

Do longo caminho que o leite percorre, tudo se inicia no produtor rural, que cada dia mais preza pela saúde e o bem-estar dos animais do seu rebanho; chegando à indústria de laticínios – que processa o produto para garantir um produto altamente seguro ao consumidor. Com logística eficiente, o leite chega às prateleiras dos supermercados e depois segue para a casa dos brasileiros.

“Muitas vezes, o consumidor comum não imagina qual é a jornada que o leite percorre entre o campo e a nossa casa. No entanto, conhecer cada passo dessa trajetória é uma forma de se conectar com o alimento e também com quem está do outro lado da cadeia produtiva, trabalhando para entregar um produto nutritivo, seguro e de alta qualidade”, comentou o coordenador do Movimento “Todos a Uma Só Voz”, iniciativa que tem como objetivo aproximar o agronegócio da população brasileira, Ricardo Nicodemos.

As dificuldades

São muitas as dificuldades enfrentadas pelos produtores, entre elas a estiagem que atrapalhou a safrinha de milho para a silagem e também o plantio de aveia. Mas talvez a pior situação seja a crise provocada pelos altos custos de produção do leite, além do recuo dos preços pagos ao produtor, diminuição nas exportações e no consumo por parte da população que perdeu renda por causa da pandemia da Covid-19. Esses são fatores que exigem uma gestão eficiente para se manter na atividade. Muitos produtores estão abrindo mão da criação, vendendo os animais para pagar as contas do mês.

Eduardo Santana é filho de um produtor de leite no interior de Laranjeiras do Sul e diz que está complicado alcançar a rentabilidade esperada com a produção. “Temos um problema, hoje, gravíssimo com os custos nas alturas. O preço ao produtor não tem reação e o mercado interno está frio devido às consequências econômicas e sanitárias que nós vivemos”.

A realidade é que os produtores agora trabalham com dificuldade e com margens negativas porque, além da pandemia da Covid-19, também sofrem com o aumento dos insumos inerentes à produção de leite. “Tudo isso é reflexo do modelo ultrapassado que temos, com mais de 30 anos. O cenário, que a gente está vendo, é um desmonte da cadeia. Precisamos de políticas públicas de Estado, não dá mais para trabalhar sem o mínimo de garantia jurídica na nossa atividade, sem o mínimo de previsibilidade do que iremos receber”, continuou Eduardo.

O principal problema, segundo os relatos, está relacionado aos contratos insumos por um valor que, após 40 dias, precificam. A grande maioria dos produtores estão vendendo matrizes para frigoríficos para se manter na atividade. “Precisamos de uma política pública específica que considere a realidade e a opinião de quem produz. Só assim a atividade leiteira pode ganhar mais competividade”, concluiu.

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