Letalidade da Covid-19 na UTI em Laranjeiras é de 49,7%

Índice está abaixo da média estadual – 68%. Mas de acordo com a diretora do Instituto São José, os números estão crescendo nos últimos meses

Esta semana marcou um ano do início do atendimento hospitalar da Covid-19 em Laranjeiras do Sul. Em 25 de maio de 2020, o Instituto São José recebeu o primeiro paciente no pronto-socorro. Três dias depois, os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) foram utilizados pela primeira vez.

Diante da data, o São José convocou, na tarde de sexta-feira (28), uma coletiva de imprensa para prestar esclarecimentos dos serviços prestados à sociedade durante o período.

Segundo a diretora administrativa, Marli Regina, o tratamento da Covid-19 em Laranjeiras só foi possível graças à união de forças entre os prefeitos da Associação Intermunicipal de Saúde do Centro-Oeste do Paraná (Assiscop), liderados por Berto Silva. “Eles conseguiram os recursos para que o São José conseguisse os medicamentos de alto custo e também a garantia para o início dos atendimentos na UTI, já que após 30 dias de uso a Sesa faria o repasse das diárias”.

Números dos atendimentos

Em números, nos 12 meses o São José atendeu a 806 pessoas contaminadas com a Covid-19 na enfermaria. Destas, apenas 67 não eram de municípios da Assiscop. A situação muda de figura quando se trata dos atendimentos nas UTIs. 243 pessoas foram intubadas, sendo 61,3% (149) homens e 38,7% (94) mulheres. “A estatística segue o que vemos a nível nacional: os homens são a maioria entre os internados”, diz Marli.

Foram 44 municípios atendidos, 117 altas e 116 óbitos. Portanto, a letalidade da doença entre os internados na cidade é de 49,7%. A média estadual, de acordo com a diretora do Instituto, é de 68%.

Marli atenta também para mudança na agressividade do vírus. “Em alguns meses, a taxa de óbito beirou em 20%. Isso tudo no ano passado. Já em janeiro, 80% das pessoas em tratamento na UTI morreram”. 

Pacientes de outras regiões

São seis os municípios a integrar a Assiscop: Laranjeiras do Sul, Marquinho, Nova Laranjeiras, Porto Barreiro, Rio Bonito do Iguaçu e Virmond. Entretanto, o São José também realiza atendimentos a pacientes de outros municípios do estado. Isso ocorre quando não há vagas em outras regiões. Então, o paciente é encaminhado para Laranjeiras.

Entretanto, de acordo com Marli, o quadro da Covid-19 é tão grave a ponto de nos últimos 60 dias serem raros os períodos em que há leitos vagos de UTI. “Há mais de 60 dias que não temos sete ou oito pacientes internados, apenas. Sempre são dez. Sai um paciente por alta ou por óbito e só há o tempo de fazer a desinfecção do leito e outro paciente ocupa. Há sempre dois ou três aguardando vagas”, explica.

Sem chaves de ganhar novos leitos

Após conseguir ativar 10 leitos de UTI e 20 de enfermaria, o São José conseguiu expandir a estrutura em mais 10 vagas de enfermaria. Entretanto, Marli Regina alerta: não há possibilidade de nova ampliação.

“Pela condição física do hospital, não temos possibilidade de ampliar a estrutura. Não há como abrir mais leitos. O que conseguimos nesses dias foi um leito, que a SESA está tratando como o 11º l de UTI, mas que se trata de um semi-intensivo, pois a UTI não tem mais espaço. Atualmente, as pessoas podem chegar aqui e não ter leito de UTI. Por isso, é importante a conscientização. Já ocorreu de o paciente daqui ter que ir para outra cidade”.

Suprimentos

Diferente de outras regiões, onde há falta de suprimentos, Laranjeiras não fica sem medicamentos, oxigênio e outros itens necessários ao combate ao novo coronavírus.

“Temos uma parceria com a Sesa para medicamentos de sedação e o restante compramos. Temos uma empresa que nos fornece oxigênio. Não há possibilidade de falta do gás, portanto. Essa empresa faz o abastecimento a cada duas vezes por semana, mas antes era a cada 15 dias. Percebam o grau o gasto diário atual”.

Viva a UTI

Ainda assim, Marli comemora a existência da UTI na região. “Sem ela seria inimaginável. Com toda a equipe médica – desde a limpeza, a recepção, a administração, os médicos – e o apoio dos prefeitos, não imagino o que faríamos com todos esses pacientes. Não sei para onde iriam. Acredito também que se não fosse a imprensa, o número de casos seria ainda maior, pois têm nos ajudado na conscientização”.

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