‘Janeiro Roxo’ marca a luta contra a hanseníase

No passado chamada de ‘lepra’, doença transmissível atualmente tem cura, mas precisa ser diagnosticada no início. Sequelas afetam nervos periféricos, olhos e pele

O último domingo de janeiro é dedicado ao Dia Mundial da Luta Contra a Hanseníase.  Segundo a secretaria de Saúde de Laranjeiras, a data foi criada para mobilizar a sociedade em torno da doença que, antigamente, era conhecida como ‘lepra’. “Diversas ações de conscientização estão sendo realizadas, onde procuramos  chamar a atenção para os sinais e sintomas da doença, alertando para a importância do diagnóstico precoce a fim de evitar sequelas graves”, afirma o secretário de Saúde Valdecir Valicki.

O que é

A hanseníase é uma doença crônica que existe há milênios. Causa infecção e é transmissível, persistindo como problema de saúde pública no Brasil. Seu agente etiológico é o Mycobacterium leprae, um bacilo que afeta principalmente os nervos periféricos, olhos e pele. A doença atinge pessoas de ambos os sexos e de todas as faixas etárias, podendo apresentar evolução lenta e progressiva e, quando não tratada, pode causar deformidades e incapacidades físicas, muitas vezes irreversíveis. A transmissão se dá de uma pessoa doente sem tratamento, para outra, após um contato próximo e prolongado. A parte neurológica vem do comprometimento dos nervos periféricos, responsáveis pela sensibilidade e motricidade. Por isso, a hanseníase é a única doença dermatológica que tem alteração de sensibilidade na pele.

Principais sinais e sintomas

Os principais sinais e sintomas são: manchas na pele com alteração da sensibilidade térmica e/ou dolorosa e/ou tátil; comprometimento neural periférico em mãos e/ou pés e/ou face. Outros sinais e sintomas são: dor e sensação de choque, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços, mãos, pernas e pés; Caroços e inchaços no corpo, em alguns casos avermelhados e doloridos; diminuição da sensibilidade e/ou da força muscular de olhos, mãos e pés; áreas com diminuição dos pelos e do suor.

É comum as pessoas falarem que estão com uma mancha dormente no corpo. Mas é importante ressaltar que nem sempre a mancha relacionada à hanseníase vai estar totalmente dormente, depende do tempo em que esta pessoa se encontra doente. As manchas podem ser esbranquiçadas, avermelhados ou amarronzadas, que não doem, não coçam e aparecem geralmente em lugares como as costas, braços, perna e rosto, mas isso não elimina outras áreas do corpo. Ressalta-se que também que há pessoas que podem estar doentes e apresentarem alteração neural, sem a presença de manchas.

No passado, doentes de hanseníase eram separados da sociedade e abandonados pelas famílias.  As pessoas ficam muito receosas em estar perto de quem tem a doença, mas falta conhecimento de que não é em um contato rápido que haverá transmissão. Envolve uma rotina diária de contato. E ainda assim, para que a pessoa que recebeu a carga bacilar adoeça, envolve também outras questões como a resistência imunológica de cada indivíduo.


Tratamento

Ao contrário do que acontecia no passado, hoje a hanseníase tem cura e o tratamento é disponibilizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Durante 12 meses, o paciente diagnosticado precisa tomar três tipos de antibióticos e manter acompanhamento mensal. O maior entrave para a eliminação da doença está na dificuldade de identificá-la.

Por falta de conhecimento, o diagnóstico da hanseníase tem sido tardio e os pacientes e pessoas próximas sofrem com consequências graves, além do aumento do risco de transmissão da doença não tratada. Quando mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de cura e menor o risco de sequelas.

A secretaria de Saúde recomenda que as pessoas procurem o serviço de saúde ao aparecimento de manchas em qualquer parte do corpo, principalmente, se essa mancha apresentar alteração de sensibilidade, o que configura um dos sinais sugestivos da doença.

O período regular do tratamento dura um ano para os casos de hanseníase multibacilares, e seis meses para os casos paucibacilares. A primeira dose é dada diretamente na unidade de saúde. Funciona assim: todo mês o paciente tem que ir à unidade para tomar uma dose supervisionada do remédio, ou seja, na frente do profissional de saúde, e pegar o resto da medicação para ser tomada durante 28 dias, todos os dias. Concluindo o uso da cartela que possui em casa, o paciente volta à Unidade, toma a medicação supervisionada, e leva nova cartela da medicação, até o fim do tratamento quando ela está curada. Caso apesente algum problema com o uso da medicação, é na Unidade que ele deve pedir orientação.

A forma de prevenção é diagnosticar os casos precocemente. Não é uma doença que tem vacina para evitar. A prevenção consiste no diagnóstico de todas as pessoas o mais rápido possível, e tratar para que as pessoas evitem a transmissão.