Médicos e estudantes do Paraná embarcam em nova missão humanitária

Expedicionários vão realizar consultas e cirurgias à população carente, que vive às margens do Rio Amazonas

Uma equipe de 3 médicos e 25 estudantes de medicina de Campo Mourão (PR) vão prestar serviços humanitários de saúde aos moradores que residem no município de Prainha (PA) e vivem em situação de vulnerabilidade social.

Parte dos expedicionários embarcam dos aeroportos de Maringá e Curitiba, nos dias 23 e 24 de novembro, com destino a São Paulo (Guarulhos). A viagem de avião segue até Santarém (PA). De lá, eles encontram o restante do grupo – que virá de outras localidades – e todos seguem juntos num barco alugado até os vilarejos de Boa Vista do Cuçari e Itamucuri, às margens do Rio Amazonas.

A viagem toda deve levar cerca de 20 horas e a distância percorrida entre Campo Mourão (PR) e Prainha (PA) será de 3.386 km. O grupo ficará nas comunidades ribeirinhas até o dia 3 de dezembro, quando retornam ao Paraná.

“O objetivo é ajudar as pessoas a ter mais qualidade de vida. Como a região é de difícil acesso, grande parte dos moradores não têm acesso a saneamento básico, a energia elétrica, a serviços de saúde e muitos deles nunca falaram com um médico”, explica Eufânio Saqueti, urologista, coordenador da expedição e professor do curso de medicina do Centro Universitário Integrado de Campo Mourão (PR).

Pagando do próprio bolso

Essa é a terceira vez seguida que os expedicionários paranaenses vão fazer esse trabalho voluntário na região Norte do Brasil. Ao longo de dez dias, a equipe pretende realizar 1.400 consultas ambulatoriais, fazer 60 pequenos procedimentos cirúrgicos (vasectomias, retiradas de hérnias, lipomas e drenagem de cistos sebáceos), distribuir medicamentos e materiais para atendimentos emergenciais.

Para isso, eles estão levando 10 mil cápsulas de comprimidos, analgésicos, antiinflamatórios, antibióticos – entre outros itens – que eles mesmos compraram e arrecadaram em hospitais e clínicas particulares ao longo do ano. Todas as caixas foram embaladas de acordo com as normas vigentes para preservar a qualidade dos insumos e medicamentos.

Os custos da viagem com passagens aéreas e alimentação também estão sendo pagos pelos próprios voluntários. Cada um deve desembolsar cerca de R$ 4 mil para essa expedição.

Projeto humanitário

Os trabalhos dos médicos e estudantes paranaenses fazem parte do Projeto Humanika (@projetohumanika); fruto de uma parceria com a ONG Amazônia Canaã, que já atua na região Norte do Brasil há aproximadamente 25 anos e leva atendimento clínico e odontológico de maneira gratuita aos ribeirinhos. “Eu já atuava por conta própria, de forma voluntária. Depois de um tempo, surgiu a ideia de levar um grupo de estudantes para ajudar. Ao falar com os acadêmicos de medicina, eles abraçaram a causa imediatamente”, conta o doutor Saqueti.

Desde que esses trabalhos começaram em 2022, 8 médicos e 70 estudantes de medicina do Centro Universitário Integrado de Campo Mourão (PR) já participaram dessas ações, realizaram 2.400 consultas ambulatoriais, 310 pequenos procedimentos cirúrgicos e distribuíram mais de 20 mil medicamentos e materiais para atendimentos emergenciais.

“Infelizmente, o acesso aos cuidados de saúde é extremamente precário nesta região do Pará. Isso dificulta a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de doenças. Nossa missão é promover acesso clínico a essa população ribeirinha. Estamos comprometidos a fazer a diferença na vida dos que mais precisam, independentemente de onde estejam”, complementa o urologista Eufanio Saqueti.

Transformação

Para a acadêmica do Integrado Julia Marques Fistarol, as expectativas são enormes. “Sempre fiz serviços voluntários desde pequena. O que mais espero nesta missão é ser uma médica melhor, ser uma pessoa melhor”, diz a estudante que cursa o 9º ano de medicina no Integrado e participa pela primeira vez do projeto.

Já para o formando em medicina no Integrado e que participou de todas as edições do projeto no Norte do Brasil, Matheus Del Cistia, a experiência é transformadora. Motivado pela questão humanitária, Matheus também coordenou a expedição que atendeu as vítimas das enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul em 2024.

“É um choque de realidade muito grande. Isso faz a gente repensar e não reclamar da vida. Para quem já fez esse trabalho de ajudar ao próximo em cenários desafiadores, a experiência é marcante. Nos ajuda a sermos pessoas melhores e que realmente se preocupam com os demais”, conta.

A terceira edição do Projeto Humanika (@projetohumanika) tem o apoio do Sicredi Vale do Piquiri Abcd PR/SP e da ONG Amazonas Canaã.