Depressão de inverno: entenda como o frio pode mudar seu humor
De acordo com a psicóloga de Cantagalo, Nezia dos Santos, o transtorno é mais comum no inverno devido a baixa luminosidade da estação
A depressão de inverno, conhecida também como transtorno afetivo sazonal, é um distúrbio que ocorre nas estações em que há menos luz solar, ou seja, devido aos dias mais curtos e noites mais longas. Por isso, os sintomas tendem a surgir no outono, prolongando-se pelo inverno.
Segundo um estudo realizado no Departamento de Psicologia Médica, da King’s College/Universidade de Londres, em países tropicais como o Brasil, uma média de 1% da população é afetada pela depressão de inverno. Parece pouco mas essa porcentagem equivale a quase 2 milhões de pessoas.
De acordo com a psicóloga Nezia, este transtorno pode durar meses ou até mesmo ser recorrente, em ambos os casos, a capacidade funcional do indivíduo é afetada seja no trabalho, escola ou em tarefas domésticas. “Quem sofre com esse tipo de depressão, geralmente apresenta alterações no humor e sono. Em alguns casos, a pessoa pode dormir demais e em outros, apresentar insônia, variações no apetite, cansaço, fraqueza, falta de motivação para sair da cama, entre outros”.
A perda de interesse por atividades comuns do dia a dia, como sair, trabalhar e praticar atividades físicas também são comuns, assim como distúrbios emocionais, irritabilidade e isolamento social. Não é algo comum, porém, este tipo de depressão também pode ocorrer durante a primavera e verão.
Como identificar a depressão sazonal?
Mais comum entre as mulheres, as crises depressivas de inverno apresentam características que contribuem para o diagnóstico. Além dos sintomas citados acima, a depressão de inverno também apresenta:
• Vontade de dormir mais tempo
• Dificuldade de concentração
• Diminuição do impulso sexual
• Baixa autoestima
• Apatia
• Dores no corpo
• Aumento do peso
• Ansiedade
Por que acontece?
Não existe um fator desencadeante ou uma causa explícita que explica o surgimento do transtorno, mas, acredita-se que a depressão de inverno está relacionada com a luminosidade.
A psicóloga ainda ressalta que isso ocorre porque no outono e inverno a órbita da terra aproxima-se do sol, mas o eixo da Terra se inclina para longe dele, fazendo com que os dias pareçam mais curtos devido a falta de iluminação. “Em outras palavras, é possível que a depressão ocorra pela falta de luz solar, uma vez que ela tem grande influência no relógio biológico do ser humano. Nos dias cinzas, quando o organismo sente falta de luz, há uma quebra na produção de serotonina, conhecido como hormônio da felicidade”.
Esse hormônio afeta diretamente o humor, por isso, quanto menos serotonina no organismo, maior são as chances do indivíduo apresentar quadros de tristeza e depressão.
Além disso, a falta de exposição solar influencia na melatonina, hormônio produzido durante o sono, que devido a pouca luz natural aumenta e se transforma em fadiga e falta de energia.
Tratamento
Existem tratamentos eficazes para o transtorno afetivo sazonal. É importante compreender que somente com a orientação através do profissional de saúde, como o psicólogo, é possível obter resultados positivos.
Tratamentos como ativação comportamental terapia cognitivo-comportamental ou medicamentos antidepressivos, que só podem ser receitados por médicos, são os mais usados em quadros depressivos.
Assim como a psicoterapia interpessoal, onde por meio de uma abordagem altamente estruturada, o paciente consiga aprender a lidar com as alterações comportamentais em busca do equilíbrio emocional.
“Mas é importante lembrar que os tratamentos variam de paciente para paciente, quem pode indicar o melhor plano de ação contra a depressão de inverno são os profissionais da saúde, por isso não deixe de procurar ajuda”, finaliza a psicóloga.