Drª Rafaela Mezzomo fala sobre o período do puerpério e suas intensas transformações
“Nesse período delicado é muito importante um acompanhamento na gestação e uma rede de apoio no pós-parto”, ressalta a ginecologista e obstetra Rafaela Mezzomo
O puerpério, também conhecido como o período pós parto ou então popularmente chamado de “dieta” ou “resguardo”, fisiologicamente se caracteriza até o 42º dia do nascimento do bebê, porém já se sabe que pode abranger até 12 meses após este evento, pois não há um fim delimitado, já que é um momento de transição em que ocorrem intensas alterações fisiológicas e psicológicas nas mulheres, envolvendo questões familiares e culturais além das mudanças nos aspectos hormonais.
Em entrevista ao Correio do Povo, a ginecologista e obstetra Rafaela Mezzomo, fala sobre as mudanças, mitos e tabus enfrentados nesse momento. “Infelizmente ainda é um período difícil e que precisa de muito atenção e apoio”, enfatiza.
Mitos
Oficialmente, o puerpério é dividido em três fases: o puerpério imediato, que corresponde à primeira hora após o parto; o puerpério mediato, que vai até o décimo dia após o parto; o puerpério tardio, que vai do décimo ao quadragésimo segundo dia.
Essa fase pode ser um mistério para muitas mulheres e conforme a ginecologista, existem muitos mitos e tabus que tornam tudo mais difícil. “Os mitos mais comuns envolvem falas de como as mães devem se alimentar apenas de sopa, o que não é correto pois a mãe precisa de uma alimentação com nutrientes adequados, já que está em período de amamentação, além da recuperação, seja do parto normal ou cirúrgico, pois isso interfere ainda mais no processo de cicatrização”, informa.
Segundo ela, os mitos relacionados a lavar o cabelo e que não engravida durante a amamentação também não devem ser levados a sério. “Não lavar os cabelos afeta a higiene podendo aumentar riscos de infecção. Dizer que quem amamentar não engravida, também é uma inverdade, já que a quantidade de leite produzido e a frequência das mamadas interfere nesta fala, e crer nisto pode acabar gerando uma gravidez indesejada”, completa.
Acompanhamento
Esclarecer como de fato será este período com o profissional que acompanha a gestação é imprescindível, pois o pré natal precisa ser construído de informações e cuidado para que o puerpério seja um período tranquilo. “A demanda em tempo integral do bebê, amamentação, privação do sono, perda do corpo gravídico e não retorno imediato ao corpo anterior à gestação, além de pressões sociais, fazem com que cada mulher vivencie este período de uma maneira única”, informa a obstetra.
Rede de apoio
Por ser um período desafiador, ela afirma que ter o benefício de uma rede de apoio formada por pessoas próximas, que forneçam um acolhimento que atenda às necessidades especificas desta mulher, pode ser um suporte bem-vindo de diversas formas. “É possível oferecer cuidados com questões práticas do dia a dia, com a casa, cuidados com o bebê, sem esquecer da atenção para o emocional desta mãe. Toda ajuda e empatia neste período é essencial para que o mesmo seja de celebração e alegria, e não apenas cansaço e por vezes tristeza e desamparo, lembrando que se sintomas assim se agravarem, a procura de um profissional especializado deve ser imediata para avaliação de Baby blues e depressão pós-parto” finaliza.