Porque somos mais sujeitos a tonturas ao envelhecer

Acima dos 60 anos, 20% apresentam algum tipo de limitação de capacidade funcional por causa do problema

Tontura, desequilíbrio, visão turva, vertigem. São essas as sensações que mais assusta e se torna mais frequente à medida que envelhecemos. Mas a boa notícia é que, na maioria das vezes, não se trata de nada grave, como afirma a otorrinolaringologista Patricia Ciminelli, coordenadora do ambulatório de zumbido e otoneurologia do hospital universitário da universidade.

O que é a tontura?

Tontura não é uma doença, é um sintoma que deve ser investigado porque pode ter diversas causas. Há alguns anos, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia fez inclusive uma campanha para as pessoas deixarem de se referir a qualquer problema de tontura como se fosse labirintite, pois essa sim, é uma enfermidade que se caracteriza pela inflamação do labirinto.

Mas cada um vai descrever o que sente de forma subjetiva, por isso os médicos valorizam duas coisas: a primeira é a frequência e duração dos episódios e a segunda são os gatilhos que provocam a tontura. Acontece quando o paciente se deita ou se vira na cama ou somente quando se levanta.

Por que idosos ficam tontos com maior frequência?

O nosso equilíbrio está baseado num tripé: o primeiro eixo é o labirinto, uma região da orelha interna responsável pela detecção do movimento, é dali que partem as informações para o cérebro quando nos mexemos ou nos deslocamos. O segundo é a visão, que nos mostra o ambiente no qual estamos. E a terceira parte do tripé é a propriocepção, a capacidade de reconhecer a localização espacial do próprio corpo.

Essa habilidade depende de vários fatores, como força muscular, firmeza das articulações, tato da planta do pé, enfim, trata-se de um conjunto de mensagens para o cérebro.

O envelhecimento afeta todo o sistema, o labirinto envelhece e deixa de funcionar tão bem como nosso ‘radar’. Há diminuição da capacidade visual e ainda perda de audição. No que diz respeito à propriocepção (capacidade de localização espacial), perdemos massa e força muscular e surgem problemas nas articulações. As doenças reumatológicas e o diabetes comprometem a sensibilidade dos pés, por causa das neuropatias periféricas.

Entre os idosos, 20% dos acima de 60 anos apresentam algum tipo de limitação funcional por causa das tonturas.

Qual a boa notícia para os mais velhos?

A maioria vai precisar apenas de ajustes e exercícios, existe fisioterapia para o labirinto e melhora dos reflexos. Musculação é fundamental para recuperar força e massa muscular. Outra coisa é tentar diminuir o excesso de medicamentos que pode provocar sonolência e comprometer o equilíbrio. Normalmente as doenças de labirinto são benignas, quando há algum distúrbio, a percepção sobre o movimento fica alterada e temos uma ilusão rotatória e a sensação de tudo estar girando ao nosso redor.

A vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) é a causa mais comum de tontura em todas as idades e aumenta com o envelhecimento. Enxaquecas podem se manifestar no labirinto, assim como a síndrome de Ménière, que é acompanhada de tontura e zumbido, por causa da compressão do líquido, chamado endolinfa, que existe no interior do labirinto.

Que sintomas devem servir de alerta sobre algo mais grave?

O que merece atenção imediata é a tontura com outros sintomas neurológicos, como alteração na mobilidade, na mímica facial, se a pessoa tem dificuldade para falar, ou para deglutir. Qualquer quadro agudo de vertigem, súbita e incapacitante, também é caso de emergência.