A pandemia da Covid-19 trouxe novos modelos e desafios para trabalhadores enfrentarem. Diminuição de renda, mudanças nas rotinas e fechamento dos comércios agora fazem parte do dia a dia e, junto deles, transtornos psiquiátricos podem surgir. Dentro dessa dinâmica do inesperado, funcionários e patrões precisam encontrar ferramentas para manter a saúde mental e o bem-estar.
Além do aspecto financeiro, alterações na forma de trabalhar podem afetar a mente dos trabalhadores. Para a psiquiatra Regiane Kunz Bereza, a sensação de ser útil e de executar as tarefas ocupa papel fundamental na boa relação com o trabalho e consequentemente com a saúde mental.
Segundo a psicóloga Laranjeirense, Taiane Santos, no contexto da pandemia, a maioria das pessoas encararam restrições nas rotinas de trabalho e isso gera uma insegurança em relação ao futuro, especialmente quando se trata de profissionais da saúde, o que aumenta o sentimento de ansiedade e a constante expectativa de que algo de ruim pode acontecer.
Transtornos
Entre os transtornos psiquiátricos mais relacionados ao trabalho, está a Síndrome de Burnout, que se relaciona ao esgotamento físico e mental, apresentando sintomas semelhantes aos da ansiedade e da depressão com a diferença de associar-se às situações de trabalho.
A psiquiatra Regiane explica que os sintomas são de sensações físicas como coração acelerado, falta de ar e pressão no peito toda vez que se pensa no trabalho ou se inicia a jornada laboral, além de apreensão relacionada ao ambiente de trabalho.
“Essas pessoas passam a ter perturbações de sonos, irritabilidade, choro frequente, incapacidade de relaxar, distúrbios psicológicos em geral, dificuldade de concentração ou pensamento lento, tristeza, apatia, alteração no apetite, mudanças de peso e, as vezes, até suicídio”, detalhou Taiane.
Home Office
Ganhando destaque nos períodos de isolamento social, o modelo de trabalho home office parece uma alternativa confortável, contudo a pressão por produtividade e a mudança na rotina podem ser desafios que provocam grandes problemas.
“Conseguir isolar o ambiente doméstico para trabalhar de forma efetiva é bem difícil. Nesse período é notável o aumento do estresse derivado da diminuição da privacidade, das mensagens constantes em qualquer horário do dia, o que gera uma sobrecarga de trabalho”, apontou a médica laranjeirense que preferiu não se identificar.
A médica continuou relatando que, antes da pandemia, podia-se dizer que o estresse ficava para fora de casa, já agora está dentro. Os trabalhadores sentem que não tem para onde ir. Por isso o aumento da ansiedade, porque não tem necessariamente uma rotina prazerosa, só cumprir metas, analisar o celular o tempo inteiro, não havendo espaço para o descanso.
O caminho possível para diminuir todos esses desafios no home office, segundo a psiquiatra, é conseguir delimitar rotinas e horários. “Mesmo em meio a pressão e às diferentes adversidades do momento, é preciso criar uma rotina que permita conciliar trabalho e descanso. Mais do que nunca, a saúde mental está sendo fortemente abalada por diversos fatores e quanto menor é a exposição ao estresse, por exemplo, menores são as chances de desenvolver algo grave”, conclui a psiquiatra.