Uma jornada de fé, amor e entrega que culmina no maior acontecimento da história cristã: a Ressurreição de Jesus Cristo
Hoje (17) é Quinta-feira Santa — e para os católicos do mundo inteiro, este dia marca o início do Tríduo Pascal, o coração da Semana Santa. Mas afinal, você conhece, de fato, o que é a Semana Santa?
A Semana Santa é um tempo litúrgico especial para a Igreja Católica Apostólica Romana. É a última semana da Quaresma e tem início com o Domingo de Ramos, que relembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, aclamado pelo povo com ramos de palmeiras. O mesmo povo que o receberia com júbilo, dias depois gritaria por sua crucificação.
Durante esta semana, os fiéis acompanham passo a passo os últimos momentos da vida terrena de Jesus. Um tempo de recolhimento, reflexão e profunda espiritualidade.
Segunda-feira Santa: a unção para a sepultura
A liturgia da Segunda-feira Santa recorda o episódio em que Maria, irmã de Lázaro, unge os pés de Jesus com um perfume caríssimo. Esse gesto, criticado por Judas, é defendido por Cristo como um sinal profético: “Ela o guardou para o dia do meu sepultamento” (Jo 12,7). É um dia marcado pela reverência e pelo reconhecimento da dignidade de Jesus.
Terça-feira Santa: anúncio da traição
A Terça-feira Santa é marcada por dois temas fortes: a anunciação da traição de Judas e a previsão da negação de Pedro. Jesus, reunido com os discípulos, deixa claro que um deles o entregará. Nesse dia, os fiéis são convidados a refletir sobre as próprias fidelidades e infidelidades na caminhada cristã, e sobre o valor da perseverança.
Quarta-feira Santa: a traição ganha corpo
Conhecida também como Quarta-feira de Trevas, este é o dia em que Judas Iscariotes vai aos chefes dos sacerdotes e combina o valor da traição: trinta moedas de prata. O Evangelho deste dia é tenso, carregado de expectativa e dor. Nas igrejas, é comum a realização da Procissão do Encontro, em que as imagens do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora das Dores se cruzam, simbolizando o sofrimento que se aproxima.
Quinta-feira Santa: o amor que se faz serviço
Nesta quinta-feira, os cristãos celebram dois gestos profundos de Jesus: a instituição da Eucaristia — quando Ele, na Última Ceia, partilhou o pão e o vinho, dizendo “Fazei isto em memória de mim” — e o lava-pés, sinal do serviço e da humildade. A celebração da Missa do Lava-Pés relembra que o verdadeiro líder é aquele que serve. Também é neste dia que se institui o sacerdócio.Após a missa, o altar é desnudado e o Santíssimo Sacramento é levado em procissão para um lugar de adoração. É o início da vigília de oração, que recorda a angústia de Jesus no Horto das Oliveiras.
Sexta-feira Santa: o silêncio da cruz
A Sexta-feira da Paixão é um dos dias mais intensos da fé católica. Não se celebra missa. É um dia de jejum e abstinência, marcado pela Celebração da Paixão do Senhor, onde se contempla a crucificação de Cristo. Os fiéis veneram a cruz e meditam sobre o grande mistério do amor de Deus, que entrega seu próprio Filho pela salvação da humanidade.Neste dia, muitas comunidades realizam a tradicional Procissão do Senhor Morto e encenações da Paixão, refletindo sobre a dor de Maria e o sofrimento de Jesus.
Sábado Santo: o silêncio da espera
O Sábado Santo é dia de silêncio. Jesus está no sepulcro. A Igreja permanece em oração e contemplação. À noite, a celebração da Vigília Pascal rompe o silêncio com a festa da luz e da vida. É a mãe de todas as vigílias — quando a chama do Círio Pascal é acesa e se proclama: “Cristo ressuscitou, aleluia!”A liturgia da Vigília é rica: narra toda a história da salvação, culminando no anúncio da ressurreição e na renovação das promessas batismais. Muitas comunidades batizam adultos nesta noite, lembrando que a Páscoa é passagem da morte para a vida.
Domingo de Páscoa: Cristo vive!
No Domingo da Ressurreição, a Igreja explode em júbilo: Cristo ressuscitou verdadeiramente! A morte foi vencida, e a esperança renasce para todos. É o momento mais alto do calendário cristão.A ressurreição de Jesus dá sentido a toda a fé católica. Ele vive, e com Ele, todos somos chamados a uma nova vida. A celebração se estende por cinquenta dias, até Pentecostes.
Boa Páscoa
Apesar de diversas religiões e culturas celebrarem a Páscoa à sua maneira — como os judeus, que relembram a libertação do povo hebreu do Egito na festa do Pessach, ou mesmo tradições cristãs protestantes que também celebram a ressurreição de Cristo — é na Igreja Católica Apostólica Romana que este tempo é vivido com maior intensidade, profundidade e simbolismo.
Desde os rituais da Quinta-feira Santa até a Vigília Pascal, passando pela cruz do Calvário na Sexta-feira da Paixão, a Igreja Católica guarda com fidelidade milenar cada passo de Jesus rumo à vitória sobre a morte. É a Igreja que mantém viva, com riqueza litúrgica e espiritual, a essência da Semana Santa como um verdadeiro itinerário de fé.
Por isso, mais do que tradição, a Semana Santa é um convite à transformação interior. E a Páscoa, muito mais que ovos e coelhos, é o anúncio de que a vida venceu. Cristo ressuscitou.