Crianças que praticam esportes individuais têm mais risco de ansiedade e depressão

De acordo com os pesquisadores, jogar com outras crianças aumenta a união e estimula um senso saudável de competição

Os cientistas descobriram que crianças que fazem esportes em grupo, como futebol ou vôlei, são 10% menos propensas a sofrer de ansiedade e depressão e tinham 19% com menos risco de se isolar em comparação com as sedentárias. Em compensação, aquelas que competem exclusivamente em esportes individuais como ginástica, tênis e luta livre têm 16% mais risco de serem ansiosas ou depressivas, e 14% mais propensas ao isolamento do que as que não se exercitam. Os esportes coletivos são um como “veículo para apoiar a saúde mental de crianças e adolescentes”. Este é o resultado de um estudo feito por pesquisadores da Universidade Estadual da Califórnia, nos Estados Unidos.

De acordo com os pesquisadores, jogar com outras crianças aumenta a união e estimula um senso saudável de competição, enquanto que esportes individuais podem causar mais ansiedade no desempenho. Contudo, os autores do estudo afirmaram que são necessários mais trabalhos sobre o tema para descobrir até que ponto os esportes individuais podem ser prejudiciais para os jovens e em quais circunstâncias.

Jogar em equipe traz benefícios emocionais e comportamentais, que estão relacionados às muitas oportunidades para interações sociais positivas. Conforme os cientistas, os jogadores de esportes coletivos também podem experimentar  “uma sensação de proximidade e coesão com seus companheiros de equipe”, o que pode aumentar as habilidades sociais dos jovens e sua capacidade de lidar com o estresse.

Pesquisa

O novo artigo, publicado na revista científica Plos One, analisou dados sobre os hábitos esportivos de 11 mil crianças americanas, com idades entre 9 e 13 anos. Elas fazem parte de um estudo maior, o ‘Adolescent Brain Cognitive Development’. Sendo desenvolvido há dez anos, o trabalho aplica questionários para crianças e seus pais uma ou duas vezes por ano, desenvolve jogos e quebra-cabeças que avaliam a função cerebral, coleta amostras de saliva para testes e realiza exames de ressonância magnética.

Para se qualificar, as crianças tinham que praticar pelo menos um esporte individual ou coletivo que envolvesse prática formal, tivesse regras, fosse treinado por um líder adulto ou jovem e fosse competitivo. Neste novo artigo foram analisados dados de 3 mil crianças ou adolescentes que praticam esportes coletivos, 2 mil que fazem modalidades individuais e 1 mil que competem em ambos.

 A saúde mental deles foi comparada com um grupo de crianças que não praticam nenhum tipo de esporte.Os pesquisadores observaram também que as crianças e adolescentes que praticam esportes coletivos são 17% menos propensos a sofrer problemas sociais e têm 12% menos chance de enfrentar problemas de atenção. Por outro lado, os problemas sociais foram 12% mais prevalentes e as crianças foram 14% mais propensas a sofrer problemas de atenção se praticassem esportes individuais.

Os pesquisadores explicam também que o efeito mental negativo entre os jogadores de esportes individuais pode estar associado ao estresse significativo que as crianças e adolescentes enfrentam ao se apresentarem diante da torcida. Além disso, há também o medo de serem julgados por sua aparência. Eles também podem estar “profundamente conscientes” das expectativas colocadas sobre eles pelos pais, familiares e colegas que podem resultar em pressão para um bom desempenho, consideram os autores.

Sendo o primeiro estudo que aponta que a prática de esportes individuais pode ser prejudicial, os autores sugerem que novas investigações sejam realizadas, para confirmar os resultados obtidos no novo trabalho.