Dormir de boca aberta pode ser prejudicial à saúde de crianças

De acordos com estudos publicados mais da metade das crianças que dorme dessa forma, possui alguma doença que afeta as mucosas nasais

Alguns estudos publicados nos últimos anos, relatam que mais da metade das crianças dorme de boca aberta. Médicos especialistas dizem que essa prática tem a ver com alergias, rinites ou o crescimento de estruturas que obstruem o nariz, e podem fazer muito mal à saúde.

Segundo eles, essas crianças correm um risco maior de desenvolver as mais variadas complicações, que vão desde cárie e mau hálito a alterações posturais e dificuldade de aprendizado na escola. Para piorar, esses efeitos infecciosos não se limitam à infância: se a respiração pela boca durante a noite não é resolvida logo nos primeiros anos de vida, as repercussões negativas podem se prolongar por toda a vida.

Desdobramentos

O nariz possui uma função muito especial: aquecer, umidificar e filtrar o ar que entra pelas narinas. Dessa forma, quando a respiração acontece pela boca, o oxigênio não passa por esse tratamento especial antes de alcançar os pulmões. Isso por si só já representa um risco. O ar que passa pela boca chega ao tórax cheio de impurezas, seco e numa temperatura inadequada.

A criança que dorme de boca aberta sofre com uma doença chamada apneia do sono. Ela é caracterizada por interrupções na respiração durante o descanso noturno que, por sua vez, provocam pequenos despertares (muitas vezes, eles nem são percebidos conscientemente).

As pedras no caminho

De forma geral, a respiração pela boca acontece porque as vias aéreas estão fechadas. Como o oxigênio não transita pelo nariz, o corpo usa, então, um trajeto alternativo para manter os pulmões funcionando. Um dos principais “bloqueadores” do nariz é a rinite, em que há uma reação alérgica a substâncias comuns do ambiente, como poeira, ácaro e pêlos de animais.

Quando a pessoa está em crise, a mucosa do nariz engrossa, como resultado de um processo inflamatório, e fica inchada. Para completar, a produção de muco, o popular catarro, termina de entupir os tubos por onde o oxigênio passaria. O muco é produzido numa tentativa do corpo de englobar e expulsar o “agente” causador da alergia.

Outra causa frequente do fechamento nasal (e da necessidade de respirar pela boca) é o crescimento de um tecido chamado adenóide.

O inchaço de outras estruturas que ficam na face e no início da garganta, como as amígdalas ou os cornetos inferiores (aquelas “dobrinhas” que temos lá no fundo das narinas), também impede o trânsito do oxigênio nesta região.

Antecipar o diagnóstico e o tratamento

Independentemente de qual for a origem, os médicos insistem que descobrir o problema logo nos primeiros anos de vida traz benefícios para a vida toda.

Ao perceber qualquer sinal de que a criança dorme de boca aberta, o primeiro passo é buscar um otorrino para uma avaliação inicial. No próprio consultório, o médico pode realizar exame chamado nasofibroscopia, em que uma pequena câmera é introduzida nas narinas para visualizar todas as estruturas internas e conferir se algo está inchado ou fora de lugar.

Se o problema estiver relacionado com a rinite, o tratamento envolve algumas mudanças no ambiente em que a criança vive (como eliminar carpetes, bichos de pelúcia e outras fontes de poeira e ácaro do quarto, por exemplo) e a prescrição de medicações que regulam a inflamação e aliviam as crises de espirros e nariz entupido. Agora, caso seja detectado um aumento da adenóide (que não é revertido por completo com o controle da alergia), das amígdalas ou dos cornetos inferiores, é preciso partir para uma cirurgia.

Além da intervenção com o bisturi, em muitos casos também é necessário fazer sessões de fonoaudiologia, com o objetivo de fortalecer os músculos do rosto e exercitar a entrada do ar pelas narinas. Isso tudo garante uma respiração mais tranquila e saudável, que ocorra pelo resto da vida através do caminho mais adequado: o próprio nariz.