Médicos belgas estão prescrevendo idas a museus para melhora na saúde mental
Aqueles com receita médica possuem entrada gratuita em cinco museus de Bruxelas
Após dois anos de portas fechadas e passeios online, a novidade do momento na Bélgica, são entradas gratuitas para museus, com prescrição médica!
Os museus de Bruxelas, capital do país, têm um novo propósito: ajudar aqueles que procuram tratamento de saúde mental a lidar com estresse, ansiedade e depressão.
Desde setembro, médicos do Hospital Brugmann, um dos maiores centros de saúde de Bruxelas, passaram a poder prescrever visitas de seus pacientes a várias instituições culturais da cidade.
Aqueles com receita médica para entrada gratuita poderão passear por antigos caminhos subterrâneos no Museu do Esgoto, conferir tecidos do século 16 no Museu da Moda e Renda, ou passear pelas galerias do centro de arte contemporânea Centrale, entre diversos outros eventos culturais.
Até o momento cinco museus administrados por Bruxelas estão participando do projeto piloto, que terá duração de seis meses. Após isso o programa pode ser expandido para incluir museus administrados pelo governo federal.
“Agora é a hora de fazer isso”, disse Delphine Houba, vice-prefeita de Bruxelas que está liderando a iniciativa. “O coronavírus nos lembrou que a cultura é essencial para a saúde mental.”
Avaliação médica
A prescrição de uma página foi pensada para ser simples e discreta. As pessoas não terão um guia ou algo especial pois a administração da cidade não quer que os pacientes sejam estigmatizados ou se sintam diferentes.
“As artes ajudam todos os seres humanos a esquecer que somos seres mortais”, defendeu o psiquiatra do Hospital Universitário Brugmann, Vincent Lustygier. “Durante a pandemia, a morte se tornou algo que estava nos esperando na porta. Vimos até que ponto a doença mental se tornou predominante depois.”
Além do velho continente
Bruxelas não é a primeira cidade a experimentar uma iniciativa como esta. Em 2018, Quebec deu luz verde a um programa semelhante em Montreal. A província do Canadá estava atuando em pesquisas cada vez mais conclusivas que mostram que o contato com a arte e o estímulo à criatividade podem trazer uma série de benefícios para os pacientes, desde a saúde mental até o controle da dor crônica e os cuidados paliativos.
De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2019, uma análise de mais de três mil estudos identificou um papel importante das artes na prevenção de problemas de saúde, promoção da saúde e gerenciamento e tratamento de doenças ao longo da vida de uma pessoa.
Neste programa de Bruxelas, os pacientes farão check-in com seus médicos antes e depois da sua saída, explicou Johan Newell, psiquiatra do Hospital Universitário Brugmann, ao Observer. Newell enfatizou que as visitas a museus não devem ser tratadas como uma solução, e sim como uma ferramenta no processo de cura a ser combinada com cuidados contínuos, como terapia individual ou em grupo, medicamentos, meditação e outros ajustes no estilo de vida.