“O sucesso do evento reflete o empenho da comunidade em promover uma agricultura familiar saudável, sustentável e integrada às tradições locais”, diz a organizadora, Thaile Lopes
No último sábado (11), Laranjeiras do Sul testemunhou um espetáculo de cores, sabores e cultura durante a 8ª Feira Regional de Economia Solidária e Agroecologia (Fesa).
Das 8 às 16 horas, a rua Coronel Guilherme de Paula, em frente à Praça José Nogueira do Amaral, foi tomada por uma atmosfera festiva e sustentável, com a presença marcante de agricultores familiares, produtores agroecológicos e entusiastas da cultura local.
Importância
A Fesa, organizada pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia (Ceagro), contou com uma diversidade de atrações, desde a comercialização de alimentos agroecológicos e coloniais até lanches, almoço, sementes crioulas, artesanatos, oficinas e apresentações culturais.
A iniciativa, que retorna após quatro anos, foi possível pelo patrocínio da Itaipu Binacional e ao apoio de diversas instituições, incluindo o Núcleo Luta Camponesa de Agroecologia, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Crehnor, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-PR), Teatro Unificado de Laranjeiras do Sul (Tuls) e a prefeitura de Laranjeiras.
O agricultor assentado no 8 de Junho, Sadi Amorin, destaca a importância da Fesa, para mostrar à sociedade a viabilidade da produção de alimentos de qualidade e saudáveis.
Ele elogiou a diversidade da feira, ressaltando a presença de variedades de alimentos orgânicos e coloniais, bem como a oferta de sementes crioulas, fundamentais para preservar a biodiversidade. “A feira sempre demonstrou como é possível produzir alimentos de qualidade e saudável para as pessoas”, informa Sadi Amorin, que participa ativamente da comissão organizadora de todas as edições da feira.
Preservação de sementes
O evento também se destacou pela iniciativa de trazer sementes crioulas, que contribui para a conscientização sobre a importância da guarda e preservação da biodiversidade, além da construção da soberania alimentar na perspectiva das agroecologias.
Os moradores da Linha Ibiaçá, em Dois Vizinhos, Isac Miola e Vilma Zotti, são verdadeiras referências na preservação de sementes e ramas, abrigando um dos maiores museus do Brasil em sua propriedade.
Com um acervo que ultrapassa 300 variedades, incluindo feijão, milho, arroz, amendoins e ervilhas, além de ramas de batatas e mandiocas, o casal se dedica desde 2004 a conservar e transmitir às futuras gerações a riqueza dessas variedades.
O agricultor de 70 anos expressa seu apoio à iniciativa de preservação de sementes, salientando que a manutenção dessas variedades é crucial em um cenário onde muitos utilizam sementes modificadas, prejudiciais à saúde.
“Acho que é importante, porque hoje em dia é difícil encontrar isso. Há um número de guardiões, mas ainda é utilizado grãos modificados, que fazem mal à saúde. É fundamental manter essas variedades em busca da pureza”, destaca ele.
O casal, ao longo dos anos, vem desempenhando um papel crucial na preservação da biodiversidade agrícola, ao contribuir para a manutenção de espécies que correm o risco de extinção. “O objetivo principal é garantir que as futuras gerações tenham acesso a essa variedade genética, preservando não apenas as sementes, mas também a história e tradições associadas a cada uma delas”, completa o agricultor.
A iniciativa de Isac e Vilma não apenas destaca a importância da conservação de sementes para a segurança alimentar e biodiversidade, mas também ressalta o compromisso em transmitir conhecimentos valiosos sobre a agricultura tradicional para as gerações futuras.
Cultura
Além das atividades relacionadas à agricultura, a Fesa também valoriza a cultura e as tradições locais, proporcionando uma programação cultural diversificada e gratuita. Música, dança, poesia e exposições enriqueceram o evento, oferecendo aos participantes uma experiência única de imersão na riqueza cultural da região.
A coordenadora do Ceagro, Thaile Lopes, enfatiza que a Fesa busca fortalecer e estimular a produção de alimentos saudáveis, baseados na agricultura orgânica e agroecológica, aproximando os produtores da região dos consumidores urbanos.
“Com mais de 20 oficinas confirmadas e a participação ativa da UFFS na promoção de trocas de saberes sobre agroecologia, a feira deste ano se consolida como um evento multifacetado, reunindo não apenas os produtores e consumidores, mas também acadêmicos e entusiastas da agricultura sustentável”, celebra Thaile.
A organização destaca que a 8ª Fesa, construída por diversas mãos e entidades comprometidas, deixa um legado de preservação, conscientização e celebração da diversidade cultural e agrícola da região. “O sucesso do evento reflete o empenho da comunidade em promover uma agricultura familiar saudável, sustentável e integrada às tradições locais”.