Movimento apresenta para a Câmara motivos para a preservação da área do Seminário Xaveriano
O grupo surgiu pela conservação do espaço pertencente à Ordem Xaveriana e, hoje, agrega também a luta pelo Jaboticabal, denominado como “Salvem o Jaboticabal”
Desde que a Ordem Xaveriana anunciou a saída de Laranjeiras do Sul e a consequente venda da área do seminário, uma mobilização popular busca alternativas pela preservação do espaço pertencente, hoje, à congregação. Assim nasceu o Movimento pela Memória e pela Vida, composto por professores universitários e da rede pública estadual, além da sociedade organizada. Buscando explanar as razões da mobilização, o grupo, representado pelo professor Alessandro Kominecki e pela advogada Maria Eloá Gehlen, usou a palavra nesta segunda-feira (20).
Explanação técnica
Kominecki, que também é geógrafo e doutorando em geomorfologia fluvial fez uma explanação a partir da ciência sobre a importância de se preservar o espaço, especialmente por se tratar de uma área de captação de água para as nascentes do entorno. Neste sentido, o movimento chama a atenção tanto para a região do Seminário Xaveriano, quanto para a faixa nativa do Jaboticabal, que estão inseridas em locais de maior altitude do relevo que delimitam bacias hidrográficas.
“Os argumentos científicos que foram colocados visam mostrar para a sociedade como é importante preservar o espaço. Trata-se de uma região de sensibilidade hídrica, a qual precisa se manter preservada tanto pela questão hídrica, como também pela fauna e pela flora. As áreas já estão sendo degradadas e se esses projetos de venda da área do Seminário e ampliação da destruição do Jaboticabal continuarem, as nascentes e a questão hídrica estarão comprometidas pelos próximos anos”, explicou o docente.
Kominecki também alertou sobre outros prejuízos possíveis a partir da edificação de prédios no espaço. “Caso haja a construção de postos de combustíveis ou então outras edificações de concreto, por exemplo, gerará impermeabilização do solo, causando escoamento superficial, gerando alagamentos na cidade e promovendo a contaminação dos lençóis freáticos. Além disso, resultará no desaparecimento das nascentes e pode causar até mesmo falta de água na estação de coleta da Sanepar”, esclareceu.
O movimento
O movimento fez a distribuição de mudas de jabuticabeiras simbolizando o Dia da Arvore e segundo os integrantes o objetivo foi mostrar a importância da preservação dessa espécie nativa da Mata Atlântica, ameaçada de extinção, assim como os pinheiros que compõem a vegetação daquela área.
Conforme a jornalista Serli Andrade, integrante do movimento que contempla a preservação da memória (patrimônio cultural) e da vida (proteção ambiental), o movimento surgiu pela conservação do espaço pertencente à Ordem Xaveriana e, hoje, agrega também a luta pelo Jaboticabal, denominado como Salvem o Jaboticabal. “Aquele complexo não se restringe ao topo do morro do Jaboticabal para a importância da recarga hídrica. Ele compreende desde o Morro da Cruz, passando pelo Seminário, até o Jaboticabal, áreas que já foram muito impactadas”, disse.
Serli explica ainda, que o movimento segue com diversas ações que estão sendo programadas a medida que novos integrantes se somam ao grupo. “Dentre elas, a distribuição de mudas de árvores, que aconteceu ontem no final da tarde no semáforo do mercado Rede Lar da Marechal”.
Aquisição pelo poder público
Quanto a área do seminário dos Padres Xaverianos, a ideia do movimento é suscitar a possibilidade de que o local seja adquirido pela administração pública municipal e, a partir disso, seja transformado em um espaço de preservação ambiental. Conforme o vice-presidente da Câmara, vereador Tarso Campigotto, a cidade precisa crescer, mas acima de tudo é preciso garantir a vida. “Nós precisamos de água para beber, vivemos dias difíceis de estiagem. Então tomara que as pessoas competentes façam o melhor. No que depender do alcance dos vereadores, podem contar com esta Casa”, assegurou.