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Silagem: primeira safra com excesso de chuva e safrinha com estiagem

O engenheiro do IDR/PR, Valério Moro, explica sobre o ponto para colheita e qual a porcentagem ideal de MS e amido

A silagem de milho se apresenta como uma das melhores opções de volumoso utilizado na alimentação de ruminantes, por apresentar uma concentração de nutrientes adequados para um bom processo fermentativo, boa aceitação por bovinos de corte e principalmente por vacas leiteiras. Além de ser uma excelente fonte energética para os animais. No entanto, a silagem de milho pode apresentar variações consideráveis na sua composição em função da época do ano (safra ou safrinha), clima (falta de chuvas regulares ou excesso), fertilidade do solo, e até mesmo em função do ataque de pragas.

Para explicar mais sobre o assunto, o Correio do Povo conversou com o engenheiro-agrônomo, que é mestrado em Produção Vegetal da área de Integração Lavoura-Pecuária do IDR-Paraná, Valério Moro, que explicou que o momento é bastante crítico com relação a silagem. “Na safra normal tivemos um longo período de chuvas contínuas e diárias, foram mais de 30 dias e aconteceram em um momento em que o milho estava no ponto ideal para confecção da silagem”.

Valério esclarece, que na primeira safra o problema foi o excesso de chuvas, pois muitos produtores nem conseguiram fazer a silagem e outros fizeram com a planta já passada do ponto ideal para ensilar. “Com isso, a maioria apresenta alto teor de matéria seca, em torno de 40% e também mais fibras pouco digestíveis. Com o material passado do ponto ideal de corte, também a compactação tornou-se mais difícil e em alguns casos apresentou bolores, devido à presença de ar na massa ensilada”.

Com relação a segunda safra, o engenheiro relata que aconteceu exatamente o inverso, houve a estiagem.  “Praticamente em todas as regiões próximas a Laranjeiras do Sul, o mês de abril não teve pluviosidade suficiente para um perfeito crescimento das plantas e produção de espigas com boa granação”, explica.

Boa qualidade

Segundo o especialista, a silagem é considerada de boa qualidade quando apresenta 32% de Massa Seca (MS) e 70% de Nutrientes Digestíveis Totais (NDT), ou seja, com boa presença de grãos esmagados na massa ensilada. “O ponto ideal de corte das plantas de milho para silagem deve apresentar pelo menos metade do grão de espiga farinácea e também com a maioria das folhas ainda verdes, refletindo um bom aspecto sanitário e adubação da cultura”.

A MS é o componente do material sem a presença de água. É onde estão contidos os nutrientes da silagem. O ideal é que uma silagem tenha em torno de 32% a 34% de MS, o que ocorre no momento em que a consistência dos grãos esta variando entre estágio farináceo (linha do leite em ½ do grão) e o farináceo duro (linha do leite em ¾ do grão).

“O ponto ideal de colheita alia máximo rendimento de nutrientes digestíveis totais, características positivas para o processo ideal de fermentação e acumulo de amido para o melhor desempenho do animal”, cita Valério.

Ele diz ainda, que a silagem com baixo teor de MS possui muita água e torna-se baixa em valor nutritivo e contrário o contrário também não é interessante, pois com muita MS a silagem apresenta fibra não digerível pelo animal e normalmente apresenta problemas na compactação.

“Em relação ao amido, o ideal é que as silagens apresentem teor de 28%. Representando a principal fonte de energia em dietas de vacas leiteiras, o principal constituinte desses grãos é justamente o amido”, finaliza.

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